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Nova Reforma

em-reformaSe formos razoavelmente sensatos, constataremos que estamos vivendo na prática, outra vez, os mesmos problemas e desafios dos dias de Lutero: ministros controlados pela ganância; fome voraz pelos bolsos e bolsas; venda de indulgências; doutrinas estranhas às Escrituras e uma criatividade espantosa para fazer dinheiro com a fé. Não seria o caso de também precisarmos de uma nova reforma? Nesse caso, quem a encabeçaria? Outra pergunta pertinente seria: A sociedade religiosa brasileira se sente aviltada, prejudicada ou ofendida o bastante para dizer “basta”?

As molduras do nosso quadro histórico são ligeiramente diferentes, embora a paisagem retratada seja a mesma. No nosso caso, não temos uma multidão tão despertada para mudar quanto aquela do passado. Me parece que a grande massa que enche os templos e envolve-se com as mais diferentes manifestações religiosas no país, não se sente tão oprimida quanto os europeus do século XVI. Muito embora este fato não altere nada a necessidade de uma reforma, a que precisamos terá que acontecer sem apoio popular. Terá de ser a reforma dos poucos; do “pequenino rebanho”; dos que passarão, da denúncia dos descalabros hermenêuticos e exegéticos, para a ação reformadora.

Bem, se a ação reformadora do passado firmou-se na Justificação pela fé, nos nossos dias tenho a impressão de que ela terá que firmar-se na devoção. Somos uma geração que definitivamente perdeu a perspectiva devocional. Oração para nós virou instrumento de manipulação e opressão da divindade. Fomos invadidos por ensinos tão estranhos sobre determinações e direitos adquiridos, que ninguém mais aprecia a vida piedosa, a adoração, e a busca pelas virtudes como objetivo final da fé.

Tenho uma pálida sensação de que Deus promoverá a reforma dos nossos dias em quartos solitários, sem discursos inflamados às portas das catedrais ou documentos sacudidos ao ar. Recentemente alguém me perguntou se acredito que esta manifestação tomaria todas as esferas cristãs dos nossos dias, afirmei que não. Exatamente como houveram resistências no passado, haverão também no futuro. Mas, o doce sabor da renovação e da vitalidade, se fará sentir através de congregações que reencontrarão na devoção disciplinada, o prazer de uma fé recolocada no Reino de Deus. Assim, ouviremos cada vez mais de igrejas locais que perderam a ânsia e o prazer pelo reino terrenal, por sonhos descabidos de conforto e prazer, e pelas ênfases no desempenho coreográfico circense da fé. Será uma longa caminhada, mas já vejo algumas colunas de destemidos cruzando este deserto.

Uma razoável parcela do mundo cristão acredita que o Cristianismo atual não está apto a oferecer respostas à humanidade depois de tantas revoluções mal sucedidas. Mas, como lidar com tal verdade uma vez que os problemas humanos são espirituais? REFORMA! Sugiro que oremos um pouco mais; que busquemos no PAI NOSSO as ênfases vitais da oração; que nos recolhamos mais; valorizemos mais as pessoas e que desçamos de toda e qualquer condição que transpareça o superlativo humano… Depois disso, convivamos bem com o esquecimento e com o anonimato, reencontrando em Deus somente o grande prazer da alma. Nos intervalos: ensinemos, preguemos e apareçamos em público.

Com amor e carinho,

Pr. Weber Chagas (ICNV | Vila)

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