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Por que estudar e pregar o livro de Eclesiastes? | Por John McAlister

Viviane Mosé é uma filósofa e psicanalista capixaba que tornou-se bastante conhecida pelos seus comentários diários na rádio CBN durante muitos anos e pelo quadro “Ser ou não ser” que escreveu e dirigiu para o programa Fantástico da rede Globo durante 2005 e 2006. Em uma entrevista recente, ela foi perguntada sobre o aumento alarmante dos índices de depressão e suicídio entre os jovens brasileiros – algo, inclusive, que já despertou a atenção do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos como um dos principais males a serem combatidos em nossa sociedade. Segundo dados recentes da Organização Mundial de Saúde, a depressão é o mal mais incapacitante do início deste século e o suicídio já figura como a segunda causa mais comum de morte entre os jovens de 15 a 29 anos, atrás apenas da violência. Em resposta a esse cenário alarmante, Viviane Mosé observa: “A vida se tornou um peso, uma carga que as pessoas não estão conseguindo carregar. A pergunta que mais se escuta é: viver por quê? Para quê? A existência vem perdendo sentido.” Logo, segundo ela, resgatar o valor da vida e a vontade de viver é o principal desafio da sociedade contemporânea. (Revista Gol, no.202 [Jan 2019], p.70-74)

Saber definir qual é o sentido e o valor da vida, é claro, não é um desafio exclusivo da nossa geração. Cada geração de cada cultura ao longo da história teve que lidar com as grandes questões da vida: Por que existimos? Qual é o nosso papel neste mundo? Qual é o sentido da vida, dos nossos relacionamentos, do trabalho, do prazer e da felicidade? Qual é o propósito de tudo isso à luz dos dramas e desafios, das frustrações e dos conflitos que enfrentamos, especialmente diante da morte, comum a todos nós?

Por tudo isso, e especialmente à luz deste momento delicado e crítico que vive a nossa sociedade, em que justamente o segmento mais vigoroso e visionário (a juventude!) está sem saber por que e para que viver, é importantíssimo que nos voltemos para a sabedoria antiga que encontramos nas palavras do livro de Eclesiastes. Afinal de contas, este é um livro que encara de frente e com honestidade as questões mais difíceis da vida, revelando-nos as futilidades e as frustrações de um mundo caído e corrompido como o nosso, como bem resumido no refrão: “Que grande inutilidade! Nada faz sentido!” (Ec 1.2) Este é um livro que nos mostra o vazio de tentar viver esta vida longe de Deus ou, até mesmo, sem Deus no horizonte: “Por isso desprezei a vida, pois o trabalho que se faz debaixo do sol pareceu-me muito pesado. Tudo era inútil, era correr atrás do vento.” (Ec 2.17) Porém, este é um livro que não nos deixa apenas com a frustração e a futilidade de uma vida sem Deus, mas que nos aponta para uma vida frutífera e próspera com Deus, o Criador e Redentor deste mundo caído: “Para o homem não existe nada melhor do que comer, beber e encontrar prazer em seu trabalho. E vi que isso também vem da mão de Deus. (…) Ao homem que o agrada, Deus dá sabedoria, conhecimento e felicidade.” (Ec 2.24,26)

Então, existe algum sentido para esta vida? A resposta de Eclesiastes é que, se você tentar encontrar este sentido unicamente neste mundo longe de Deus e sem Deus, tudo será uma grande inutilidade. Afinal de contas, o mundo se tornou esse lugar vaporoso e vazio, fútil e frustrante justamente por termos rejeitado a Deus e nos rebelado contra o seu senhorio sobre as nossas vidas. Portanto, o livro de Eclesiastes nada mais é do que um extenso comentário sobre a vida “debaixo do sol” em um mundo caído e corrompido pela nossa rejeição de Deus e insubmissão a Deus. E qual seria o castigo condizente de querer viver no mundo de Deus sem Deus senão o pior dos castigos: tentar encontrar sentido e valor nesta vida longe do Autor, Criador e Senhor da vida?

Porém, o mais surpreendente em tudo isso é que Deus não nos abandonou na futilidade e inutilidade da nossa vida sem sentido neste mundo. Séculos depois de Salomão, um outro Mestre surgiu na história, um outro filho de Davi e Rei de Israel, muito maior do que Salomão, em quem estão escondidos todos os tesouros do conhecimento e da sabedoria. (cf. Mt 12.42; Cl 2.3) Ele mesmo veio corroborar a sabedoria de Salomão, ensinando que quem quiser salvar ou ganhar a sua vida neste mundo a perderá, pois de que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (cf. Mc 8.35-36) Todavia, ele também veio oferecer descanso para aqueles que estão cansados e sobrecarregados das suas obras neste mundo e que se rendem a seus pés para aprender com ele e viver para ele. (cf. Mt 11.28-30) Ele fez isso justamente morrendo uma morte aparentemente inútil e sem sentido, crucificado em um madeiro fora da cidade de Jerusalém. Porém, ao ressuscitar ao terceiro dia, ele inaugurou um novo mundo e uma nova vida, livre da culpa, da condenação e da corrupção deste mundo caído. E todo aquele que se arrepende da futilidade da sua vida longe de Deus e nele crê – em Jesus Cristo, Senhor e Salvador – mesmo ainda vivendo neste mundo fútil e frustrante, encontrará verdadeiro valor e sentido para sua vida.

Então, se a vida se tornou um fardo pesado demais para você carregar e a existência perdeu o seu sentido, que grande inutilidade é tentar encontrar o sentido e o valor da sua vida neste mundo longe de Deus e sem Deus. Contudo, em Jesus Cristo, o Filho de Deus, nossa vida jamais será inútil ou sem sentido. Afinal, Ele é o sentido da vida! Esse é o evangelho segundo Eclesiastes. Mais do que nunca, ele deve ser conhecido, estudado e pregado em nossa geração.

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