A loucura toma lugar quando se perde a habilidade de pensar, refletir e discernir; quando alguém se torna vítima dos seus próprios delírios e não consegue ser minimamente consciente do universo a sua volta; quando o sentir passa a governar sobre o raciocinar e o cérebro passa a ser irrelevante. Nesse momento, o flerte com a insanidade se torna compromisso sério.
Não sou mais jovem. Faz muito tempo desde que experimentei o novo nascimento naquele dia nublado de Novembro de 1978. De lá pra cá, venho cruzando o inóspito território da fé evangélica, e nesta aventura tenho visto de tudo. Se parasse pra contar, encheria páginas e páginas de histórias que provocariam risos, lágrimas e espanto. Nos últimos vinte e dois anos, desde que fui ordenado ao ministério pastoral, meus esforços têm sido concentrados sobre a edificação de um modelo de espiritualidade cristocêntrica e de uma busca desesperada por um modelo de Igreja mais contextualizado com o Novo Testamento.
A Igreja, na sua metáfora mais significativa, é descrita pelo apóstolo Paulo como um corpo cuja cabeça é Cristo, o centro pensante e governante. Cristo, com seus ensinamentos e modelos, na ótica paulina, deveria prevalecer sobre modismos e tendências, uma vez que o Evangelho é que é o poder para a salvação do pecador. Mas, ao invés de concentrarmos força no anúncio da boa-nova, preferimos direcionar energia para a provocação do histerismo e investir na iniciação de uma multidão nos estágios preliminares da loucura (que não pode ser confundida com a loucura da fé, a fé que crê na mensagem da cruz e da ressurreição. Mensagem esta, que não cabia dentro do universo dos gregos). Refiro-me ao cancelamento da habilidade de permitir que pessoas pensem sob a convicção gerada pelo Espírito Santo, no ato da pregação das boas notícias vindas do Reino celestial. Refiro-me às bizarrices, ao lamentável culto do imaginário, que vê, sente, arrepia-se e entre um ou outro “uh!” fantasmagórico imagina-se estar ouvindo a Deus. Enquanto isso, nem mesmo uma linha do Evangelho (do tal poder de Deus para a salvação) é pregada. Meu Deus, que calamidade! Como se resguardar desta tendência?
1. Pense! Ouse pensar! Se a Igreja tem o mestre como cabeça, quem sabe Deus tinha mais em mente pra comunicar do que a relação da cabeça com autoridade? Quem sabe esta relação é pra alertar-nos que fé sem consciência é delírio? Quem sabe é pra nos despertar para o fato de que Cristianismo é algo que pra se desfrutar plenamente se precisa usar a cabeça? Reflita e tire suas próprias conclusões.
2. Não confie no seu coração. A emoção é excelente companheira, mas péssima conselheira. Quanto maior for a emoção, menor a sensatez; e quanto menor for a sensatez, mais chance você terá de abraçar a tolice. Por isso, decidir sob emoção é aproximar-se perigosamente do erro.
3. Medite nas Escrituras. Nelas encontramos terreno firme para erguer a nossa casa espiritual. Quem constrói sem obedecer o projeto, constrói fora dos padrões e despreza a segurança e o autor do projeto.
4. Creia e anuncie o Evangelho. Lembre-se que você é um cristão, logo, sua glória é a cruz de Cristo, não os símbolos e manifestações da velha aliança, elementos usados como sombras de realidades cumpridas e manifestas em Cristo. Ele somente é o seu Senhor! Olhe pra Ele! Imite-o, exatamente como o apóstolo Paulo o fazia.
5. Não permita que seu estado de consciência seja alterado, nos cultos, ajuntamentos ou congressos, seja lá por quem quer que for.
Se tomarmos estas precauções, as fábricas de loucos acabarão por fechar pela falta de clientela.
Que Deus o abençoe!
Pr. Weber