Um desconhecido professor português de nome Paulo Geraldo, dizia que “pastores e marinheiros são vizinhos das estrelas e dos grandes horizontes”. Certamente que o digníssimo mestre não imaginava falar aos pastores de almas, como eu, mas, sua observação cheia de poesia, encheu meu coração. Imaginei o que significaria ser vizinho das estrelas e dos grandes horizontes. Busquei ir além do óbvio que encerra o pensamento, ir além do que supõe, e entendi que há algo mais que contorna a solidão do trabalho de vigilante do rebanho.
Ser vizinho das estrelas me desafia ter os olhos fixos no alto. Meu Deus como isto é difícil! A injustiça me arrasta. O som dos gemidos de quem sofre me incomoda. A convivência razoavelmente amistosa com a miséria me envergonha. Os corredores frios do pragmatismo religioso me fazem tremer. Mesmo assim, o professor Paulo Geraldo, sem saber, na sua inspiração descolada da espiritualidade, me fez pensar um pouco mais demoradamente na tal “viva esperança” guardada no céu, sobre a qual Pedro fala em sua carta. Como é bom pensar no céu; esperar pelo céu; apontar o caminho para o céu; conhecer pela fé o gozo eternal, e na simplicidade infantil de quem deseja ardentemente o genuíno leite espiritual, perder-se na contemplação do encantador cenário que as estrelas apenas preanunciam! Que bom é ser vizinho das estrelas! Pastores; cristãos; irmãos conhecidos, porém de rostos desconhecidos, aquietem o coração e aprendam a ser vizinhos das estrelas.
Pensar em ser vizinho dos grandes horizontes me arrebatou! Olhar para frente e só enxergar o vazio, o sobe e desce do sol, a tormenta que se forma, o céu ora azulado ora acinzentado… Ser vizinho dos grandes horizontes me fez pensar na esperança. O pastor precisa se alimentar da esperança para não desistir. Precisa esperar no dia que os joelhos se dobrarão sacrificialmente; precisa esperar por avivamento, crescimento, transformação… Mas, antes que tudo isto chegue, haverão muitos dias de contemplação do nada exceto o de costume. Essa repetição do mesmo; a previsibilidade do comum e conhecido; a experiência de viver mais um dia igual; a rotina imutável do trabalho, desafiam qualquer santo. Para ser vizinho dos grandes horizontes é preciso ter fé. Mas, é preciso que se aprenda tudo isso.
Se a sua vida é uma repetição de horizontes vazios e paisagens repetidas, não perca a fé. Renove sua esperança na Verdade e encontre consolo nos braços do Eterno.
Com amor e carinho
Pr. Weber