Sou pós-graduado em hiperatividade. Há vinte e dois anos atrás quando fui ordenado ao ministério pastoral, imaginava que teria uma vida totalmente diferente da que verdadeiramente me aguardava. Aos vinte e sete anos de idade, com a cabeça e o coração impregnados de um romantismo do qual ainda não encontrei cura, sonhava com a disponibilidade de tempo para orar mais e seguir os grandes mestres da espiritualidade cristã. Encantava-me a história dos grandes avivamentos, do exemplo dos morávios (que sustentaram uma reunião de oração ininterrupta que durou cem anos), dos cultos de Jonathan Edwards e suas observações corajosas em Religious afections, do exemplo de vida de John Hyde e da busca incansável de Tereza de Ávila e madame Guyon. Mas, logo no primeiro ano experimentei um cruel choque de realidade.
Jovem, recém ordenado e querendo mostrar serviço a uma pequena igreja de dezenove membros, fui engolido por uma rotina de aconselhamentos, visitações, estudos bíblicos, preparação de sermões, planejamento e atividades administrativas. Eu que estava acostumado a trabalhar oito horas por dia, me deparei com uma carga desumana de 12, 14, 16 horas diárias de trabalho. Cedo fui ensinado que até o sagrado território do ministério pode experimentar um processo de desertificação. O pior de todo esse processo é imaginar que as coisas são assim mesmo, que esse é o destino dos homens de Deus.
Depois de tantos anos, habituei-me a trabalhar exageradamente. Tornei-me umworkaholic(viciado em trabalho). Fatos e justificativas a parte, num dado momento, meu coração romântico e mente meditativa falaram mais alto e forçaram-me a sonhar outra vez com o quarto secreto e a encantar-me com o ócio santo. Pus o pé nos freios sob a convicção de que há uma esterilidade real e camuflada por trás da hiperatividade e que isto mata a todos (pastor e congregação).
Sei que minha decisão foge aos modelos empresariais de sucesso que a igreja aprendeu a adorar e servir, mas, acredito que eu e minha igreja precisamos de Deus somente; assim como você e sua família não precisam dessa vida corrida e cheia de compromissos que os afastam da comunhão com o Altíssimo. Lembre-se: não subestime a esterilidade que se encontra por trás de uma vida hiperativa.
Com amor,
Pr. Weber