Dentro do universo da igreja, até por motivação bíblica, são cunhados certos títulos que se perpetuam na boca da maioria. “Homem de Deus” é um deles. John Stott nos lembra que “era um respeitoso título, dado no Antigo Testamento, a certos porta-vozes de Deus – Dt 33:1; 2Cr 8:14; 1Rs 17:18 (STOTT, John, A mensagem de 2 Timóteo, 98). O título remete-nos a três ideias: de pertencimento, de alguém sob o domínio de Deus; de funcionalidade, alguém a quem Deus faz uso; e a ideia de aproximação, referindo-se a alguém que anda na companhia de Deus, que mantém um relacionamento íntimo com o Pai. Mas, com que se parece um homem de Deus? Quais as suas principais características? Como reconhecê-lo?
Homens de igreja gostam do ambiente comunitário, da sociabilidade intensa, dos almoços, churrascos e do bate-papo efusivo; gostam das amizades, das oportunidades de relacionamentos e até das oportunidades de negócios que podem surgir no convívio da igreja; gostam de se ver como religiosos e entendem que a atmosfera da igreja é sadia para criar seus filhos. Porém, quando são convidados a crer no Evangelho, quando são forçados a admitir a sua perversidade pelo mesmo Evangelho e a morrerem para a velha vida e hábitos inerentes a ela, resistem fortemente.
Homens de igreja jamais abraçam o Evangelho ao ponto de aceitarem a sofrer por ele; homens de Deus, sim. Homens de igreja resistem à ética do Reino e a qualquer apelo à santidade; homens de Deus, não. Homens de igreja sequer admitem a possibilidade de engajarem-se num processo de transformação; homens de Deus, sim. Homens de igreja ouvem a pregação desatentos e incomodados; homens de Deus, não. Homens de igreja não se incomodam com a devoção familiar; homens de Deus sim. Homens de igreja jamais abraçarão ou se importarão com a missão; homens de Deus farão o que puderem para não perderem de vista a necessidade de se pregar o Evangelho todo a todo ser humano. Homens de igreja não se importam com a Igreja (seu estado, seu sustento, sua influência, sua vida); homens de Deus dormem, sonham e respiram o estado, sustento, influência e vida da Igreja. Homens de igreja não temem o juízo, sequer pensam nisso; homens de Deus, tremem noite e dia. Homens de igreja sobem ao púlpito sem qualquer temor pela doutrina que ensinam; homens de Deus estudam, oram e tremem diante da missão de compartilhar a mensagem bíblica.
Você é um homem de igreja ou um homem de Deus? Tenho encontrado pouquíssimos homens de Deus na minha vida, mas muitos homens de igreja. Gente para quem o simples pronunciar a palavra santificação, os incomoda; gente que não pode ser confrontada em suas escolhas, posturas e desejos, por se julgarem acima do bem e do mal; gente que não ora e não quer ser lembrada disso; gente infiel que não quer ouvir sobre sua infidelidade; gente má que acredita haver algum poder redentor nas suas cantorias, na sua simples presença nos cultos ou nas suas esmolas; gente que não gosta de falar sobre o que não lhe convém. A diferença entre um homem de igreja e um homem de Deus está na reação de cada um às Escrituras: um tem prazer em dizer “fala que o teu servo ouve”; ao outro porém, a voz de Deus incomoda.
Você é um homem de igreja ou um homem de Deus?