Você odeia alguém? Tem acessos constantes de raiva ao pensar ou conversar com alguém? A resposta mais comum a essas incômodas perguntas é: não! Nos defendemos afirmando que não temos raiva de ninguém ou ódio por alguém. Todavia, o ambiente religioso sempre foi ao longo da história, muito tenso: católicos perseguiram protestantes; protestantes perseguiram outros protestantes e o próprio texto sagrado insiste em lembrar que os irmãos deveriam amar uns aos outros e pensar em concordância no Senhor. Se o ambiente religioso não sofresse dessa tensão relacional que desemboca em sentimentos de ódio ou cólera, a Bíblia se calaria a respeito.
É duro, mas há mais ódio entre nós do que gostaríamos de admitir. A se julgar pela agressividade presente nos comentários nas redes sociais, então poderíamos concluir – ainda que imperfeitamente – que estamos muito mais carregados de ódio do que de amor. Isto deveria ser preocupante, mesmo porque, Jesus nos ensinou a amar até os inimigos.
A cada dia que passa, vejo da janela do meu “claustro” uma evasão da afetividade e aberta desistência do amor. O que mais ouço é que estamos em guerra; que fulano é assim e outro é assado. Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós! Parece que ainda vivemos o clima dos grandes concílios. Pelo menos no passado eles tentavam debater suas crenças, hoje nos agredimos baseados nelas. Não evoluímos muito, na verdade regredimos. Mas, de onde vem tudo isto? Qual a razão por trás dos constantes cismas que todo dia dá a luz a uma nova denominação?
Embora seja muito natural que cada um tenha a sua opinião, a grande razão pra tudo isto é a velha natureza, que a despeito de julgarmos que ela esteja morta, na verdade está bem viva. Nosso estado pecaminoso não é confiável. Não podemos confiar em sentimentos ou conclusões solitárias. É chegada a hora de largarmos as pedras, falar a verdade em amor e discordar em amor. A denúncia de uma heresia não pode nos inspirar a queimar os hereges. Dar razão da nossa fé não significa querer pensar sozinho. Haverão sempre os que pensam diferente. O que fazer? Convidá-los a um duelo? Marcar um encontro em praça pública e resolver tudo no tapa?
Desejo, como Deus também deseja, que “todo homem seja salvo e chegue ao pleno conhecimento da Verdade”. Mas, quem disse que isto é obra humana? A guerra espiritual pela Verdade é feita no âmbito do pensar, do “conduzir cativos os pensamentos a Cristo”. Posso estar errado. Admito que há uma enorme possibilidade disso. Mas, há muito ódio presente entre os que foram salvos e comissionados a amar. Conversar, dialogar, debater, conciliar, reconciliar, pensar junto, nada disso é fácil. Mas, num país tão violento quanto o nosso, num mundo carregado de tanta agressividade, a igreja deveria ser um refúgio e não um espaço onde podemos ser agressivos de um modo supostamente justo.
Por aqui, vou lutando com a minha velha natureza que já me pregou muitas peças. Lute também com a sua. Faça de Cristo o seu modelo. Ame! Se sentir dificuldade para amar, não se desespere. Ame o outro, o próximo. Não fuja de amar. Ande em sabedoria. Levante a bandeira do Evangelho. Pregue o Evangelho, mas não se esqueça do juízo final.
Maranata, ora vem Senhor Jesus!