“DUAS COISAS ENCHEM A MENTE DE ASSOMBRO E REVERÊNCIA…: O CÉU ESTRELADO SOBRE MIM E A LEI MORAL DENTRO DE MIM.” – Immanuel Kant
Acabo de colocar os pés (ou seriam os dedos, uma vez que estou digitando?) num território inóspito e altamente escorregadio. Falar de moralidade (não moralismo) foi, é e será sempre desafiante. Kant entendia que a “lei moral” deveria ser reverenciada, que essa intrincada realidade que envolve sentimentos e conteúdos de outra natureza, e impede os seres humanos de mergulharem mais fundo no lamaçal da própria falência, deveria ser admirada. Entretanto, acredito que a nossa falta de estímulo para meditar sobre o tema, fundamenta-se na aversão que temos de fazer uma avaliação cuidadosa do que aceitamos e rotulamos como “normal”. O que é certo ou errado para você?
Me parece que numa época como a nossa, em que predomina o pluralismo e relativismo, fica difícil emitir opinião sobre os mais diferentes temas que ocupam o centro dos debates humanos desde sempre. Assuntos como aborto, homossexualismo, divórcio, sexo pré-marital, uso de álcool e substâncias tóxicas, danças sociais e outros temas de teor polêmico, estão ficando de fora das agendas pastorais, por pressão da cultura ou da pensada atitude de fugir da polêmica. Enquanto isso, além de ser raro encontrar alguém que se encante, como Kant, com a lei moral, parece que de repente cada um resolveu construir os seus próprios valores e nos colocar no meio de uma grande anarquia conceitual, onde cada um age como acredita e ponto final. Acrescente a isso a incurável arrogância humana e o orgulho de imaginar que todos pensam com independência e imparcialidade, e teremos a receita do caos.
Tenho observado com espanto e preocupação a formação moral dos mais jovens, suas ideias, e principalmente as concessões e a inércia dos mais velhos. Literalmente, todos estão fugindo do debate moral. Parece até que é coisa do outro mundo, sentar, falar, ouvir e argumentar. O resultado dessa atitude refratária não é um inofensivo silêncio, na verdade é um terrível silêncio. Pastores, professores, psicólogos e sociólogos, estão preferindo rotular o que está acontecendo de “nova moralidade”. Com isso, escolas e até igrejas estão perdendo o status de “lugar seguro”. É lamentável, pois onde o ser humano deveria vir para tornar-se mais ajustado, melhor informado e melhor qualificado para a vida natural (a escola) e para a vida espiritual (a igreja), tonou-se um ambiente propagador de comportamentos forjados nos altos fornos da pecaminosidade humana.
Ética tornou-se um assunto puramente teórico e acadêmico. Estuda-se ética nos seminários e nas universidades: os médicos estudam sobre a ética médica e a bioética; os administradores e economistas, sobre ética financeira e a ética dos negócios; os clérigos, sobre a ética das relações, das intenções e das abordagens. Mas, infelizmente, na vida real, ética é matéria esquecida. A razão disso é porque ética faz parte de uma estrutura sustentada pela lei moral. Assim, se não há uma boa construção da lei moral, não haverá compromisso ético. E de onde vem esta tal “lei moral”?
Os cristãos (aqueles que se submeteram ao propósito de serem semelhantes a Cristo mediante aprendizagem) são encorajados a construírem seus valores e posicionamentos morais a partir do ensino do Evangelho. O pensamento humano e as produções intelectuais oferecidas em cada geração, devem ser fontes de estudo e pesquisa, mas não fontes inspiradoras para a construção de comportamentos, sob o risco de qualquer um (inclusive o pastor) perder a condição de discípulo (aprendiz) de Cristo.
Esta tal “lei moral” é que influencia o cristão na relação consigo mesmo, interferindo na sua linguagem, exposição pública e trato pessoal. A segunda grande influência é na relação com a família, depois com o próximo, com as instituições, com as autoridades… Desta forma, ele passa a ser “o sal da terra”, o diferencial num mundo uniformizado pelo pior e não pelo melhor. Assim, encorajo a todos os cristãos que lerem este curto artigo, a submeterem-se à moral do Evangelho e construir sua visão de certo ou errado, a partir do ensino de Cristo e não de outras fontes, sob o risco de chegar a descobrir um dia que Cristo jamais os conheceu.
Respeitosamente,
Pr. Weber