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O que é consumismo?

consumismoO consumismo pode ser definido como “aquela promessa de felicidade oferecida pelos bens materiais e serviços que se capitaliza no prazer de escolha de cada consumidor”.1 Traduzindo, consumismo é a ideia de que quanto mais você compra, mais feliz você é. Assim, o consumismo traz consigo o ideal de satisfação pessoal. O que quer que o indivíduo tenha comprado, o importante é que seja produzida a sensação de bem-estar. E é essa palavra que revela a preocupação primária do pós-modernismo. Você já deve ter ouvido algo do tipo: “Eu mereço ser feliz!”.2

É importante frisar que consumismo é diferente de consumo. Consumo é uma atitude absolutamente normal desde que o mundo é mundo. Diz respeito à satisfação de necessidades primárias, como a fome ou a sede, o vestuário e a moradia. Já o consumismo está um passo à frente. O consumismo se concentra neste mundo e nos bens materiais, que se tornam fonte de prazer e esperança para o homem. Semelhantemente ao consumo, procura a satisfação de necessidades. Mas o consumismo dá ao indivíduo um poder de escolha nunca antes visto. Não basta haver bens materiais ou necessidades a serem supridas, o importante é o poder de escolher entre muitas opções de cores, sabores, tamanhos, formas de pagamento. Como disse John Benton, autor do livro Cristãos em uma sociedade de consumo, “é o prazer por meio do poder”.

Não que poder escolher seja algo ruim em si mesmo (assim como muitas coisas que fazemos não são ruins em si mesmas). Mas, como chama a atenção Benton,

não é apenas o fato de nossas necessidades materiais serem supridas ou que existam muitos bens materiais à nossa disposição, mas, além disso, podemos escolher. (…) Este foco na escolha e nas opções pessoais, aliado aocrescente poder de compra, é a principal mudança dos últimos anos.

 

O cerne da questão é que, com o poder de escolha, podemos expressar nossa individualidade, nossa identidade. Em um mundo que está em constante mudança (e rápido), as mercadorias acompanham esse ritmo. Há sempre opções mais potentes, com novos designs ou funcionalidades. Você pode adquirir um novo celular, computador, tênis ou o que for e, quando outra novidade for lançada, a antiga (?) poderá ser descartada. Essa é outra característica do consumismo pós-moderno: a percepção de que tudo pode ser descartado quando algo novo surgir, sejam aparelhos ou até mesmo relacionamentos.

A propaganda de produtos não se limita a exaltar as qualidades deles, mas quer mostrar a você o quanto podemos ser felizes, capazes, bem vistos ou aceitos, se adquirirmos o que se quer vender. A propaganda, com muita frequência, cria “necessidades” das quais não tínhamos conhecimento antes e se propõe a trazer soluções para problemas que nunca tivemos. “Não importa o que ela esteja tentando vender ou a quem, não importa se os produtos são customizados e os públicos segmentados, a única alternativa que ela oferece é o consumo”.1 E isso é uma forma de se cultivar a insatisfação:

Ao comprar, não apenas se adquire um produto ou um serviço, mas define-se o status, e mesmo a identidade, de um indivíduo. É o ‘compro, logo existo’, uma forma do indivíduo se posicionar – e se diferenciar – dentro da sociedade por meio do que consome.1

Em síntese: não basta consumir para viver, é preciso consumir para ser feliz. Em seguida, falaremos sobre a união entre o pós-modernismo e o consumismo.

1. Benton, John. Cristãos em uma sociedade de consumo. São Paulo: Cultura Cristã, pg.15

2. Aqui é importante explicar algo: materialismo e consumismo são coisas próximas, mas diferentes. O materialismo faz parte da história há muito tempo. Tanto o antigo comunismo quanto o capitalismo são materialistas, cada um à sua maneira. O apego ao material (rejeitando frequentemente o sobrenatural), conferindo-lhe um caráter eterno é o que pode ser dito, muito superficialmente, sobre a característica principal do materialismo.

3. Benton, pg. 15

4. Benton, pg 13/14

5. http://www6.ufrgs.br/co-link/dicionariosocial/view_text.php?wikipage=//sociedade_do_consumo

6. Bueno, Chris. http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=36&id=429

A série “Consumismo” foi extraída do livro “Você não me entende”, lançado pela Editora Anno Domini, em 2011. Para saber mais, acesse o site www.editoraannodomini.com.br

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