Esta manhã tive uma experiência interessante. Logo cedo, minha esposa convidou-me para ir às compras com ela. Supermercado não faz minha cabeça, mas adoro feiras. O contato direto com as pessoas e com aquelas figuras caricatas que agente só encontra por lá, me faz bem. Como sempre faço, tentei meter conversa com um vendedor avulso de alho, daqueles que circulam. Ousei perguntar se as vendas estavam a correr bem (uma vez que todos os seus colegas feirantes reclamavam por causa do feriadão). Nem bem estava terminando de dar o tom interrogativo à minha frase e ele já foi me crivando com os famosos clichês religiosos. “Jesus é dono do meu negócio; e Ele salva, cura, liberta e batiza no Espírito Santo”, esbravejava o sincero rapaz. Tentei lhe dizer que Jesus interessava-se pelas vidas humanas, que Seu grande desejo era em poder atuar sobre Suas criaturas e não sobre o negócio de quem quer que fosse. Mas, quem foi que disse que eu tive sucesso na tentativa de desintoxica-lo dos efeitos alucinógenos da teologia da prosperidade? Fui pra casa pensando em tom de espanto: Meu Deus, mas até o vendedor de alho?!
Esta espiritualidade torta, que relaciona Deus com dinheiro; esta espécie de baalismo dos nossos dias, infelizmente veio para ficar. É a grande sedução religiosa dessa era, e contra isto nada se pode fazer a não ser denuncia-la. Também podemos apontar na direção de uma espiritualidade que restaure a imagem paterna de Deus, e ensine sobre a graça de um pai que espera por seus pródigos pela simples alegria de poder ter uma família. Embora acredite que as pessoas estão em busca daquilo pelo qual anseiam, não perderemos tempo se tentarmos cultivar um ambiente estimulador da sede por Deus em Si mesmo.
O convite de Jesus em João 7:38 foi para aqueles que sentem sede por Ele, não pela tendência teológica do momento, não por conhecimento pelo conhecimento, não por coisas ou fama, prestígio e respeito. “Aquele que tiver sede venha a mim e beba”. Se mal lhe pergunte: Do quê afinal você tem sede? Se for pela Verdade, Ele a satisfará. Tudo que tem que fazer é crer nele como diz as Escrituras, e rios de água viva correrão do seu interior. A propósito, há uma fonte de vida correndo de você? Há rios cristalinos da água da vida fluindo do seu interior para sua família, para dentro do seu casamento, para as pessoas com as quais convive? Você percebe esse rio jorrar? Não!? Então vai ter que revisar a sua fé em Jesus. Pois, todo aquele que nele crer como diz as Escrituras, provará do milagre de ser uma fonte de vida para irrigar os desertos por onde passa. O versículo conclui que Jesus disse isto fazendo menção do Espírito Santo.
Será que no meio dessa sede por dinheiro, por fazer fortuna em nome de Deus, por conseguir ter e comprar tudo que puder cobiçar, há lugar para o Espírito Santo? Qualquer espiritualidade que não nos conduza a ser uma fonte de vida e de inspiração para os outros não é bíblica. Qualquer proposta de espiritualidade que não nos leve a entregar tudo, negar a si mesmo e gloriar-se exclusivamente em Cristo, não é cristã. Quanto tempo mais levaremos para entender que humanismo enfeitado de versículos bíblicos, continua a ser humanismo; e que o maior desejo do Diabo foi o de subir acima do trono de Deus? Pois é, quando nos tornamos o centro e o alvo absoluto da nossa fé, não estamos apenas flertando com o mal, fomos capturados por ele.
Com amor e carinho
Pr. Weber