Falei semana retrasada que escreveria sobre o dízimo. Mal postei isto no Twitter e no Facebook e já começou uma avalanche de opiniões, imprecações, reclamações, versículos arremessados. Para uns é algo que pertence ao Antigo Testamento e ponto final. Para outros, há uma clara e evidente continuidade da obrigação de contribuir à igreja com exatamente 10% da nossa renda. Em algumas igrejas o assunto é tratado como se fosse o terceiro sacramento (após batismo e Santa Ceia, claro).
Como tratar desse assunto? Pois fica claro que estou pisando em campo minado. Na intenção de ajudar, sei que posso ser alvo de muita raiva de alguém. Devo atrever-me a caminhar por esse caminho? Será que poderia eu ajudar? Não sei. Vou tentar. Se ganhar antipatias por isso… paciência. Mas não posso fugir do que a Bíblia diz e quero sinceramente ajudar, pois creio que estamos perdendo perspectiva aqui. Os ânimos estão exaltados e isso nunca é bom. Ninguém pensa direito quando está atirando pedras ou quando está sendo alvo de pedradas.
Ao abrir este assunto, é essencial reconhecermos algo importante. Há muitas pessoas feridas, magoadas e decepcionadas com a Igreja institucional. Estão com raiva de tele-evangelistas, apóstolos, bispos, pastores, profetas e uma enormidade de títulos inventados. Estão com raiva do padrão nababesco que alguns “servos do Senhor” vêm desfilando para os fiéis que, do seu salário sofrido, têm contribuído para a “obra de Deus”. Quantos não são os que saem das igrejas cheias de pessoas que mal ganham um salário mínimo dirigindo os seus carros importados ou de luxo? Existem, creia-me. Há muita gente legitimamente horrorizada com os truques de arrecadação, as promessas descabidas de dar e receber – numa troca direta de benefícios pelo sacrifício proposto na campanha mais recente. Há inúmeras histórias de pessoas que perderam tudo, porque deram tudo na esperança de receber tudo de volta com dividendos e grande lucro. Estão na rua da amargura. Suas histórias já adentraram a igreja que eu pastoreei. Sentaram na última fila, meio de lado, olhando para mim e se perguntando “será que este será mais um mercador de fé?” Quantas vezes já ouvi pessoas dizendo que aquela seria a última igreja que tentariam e, depois, nunca mais.
Mas há muitas que nem tentaram. Não confiam o bastante para sequer botar um pé dentro de uma igreja. Se contentam em surfar a internet, recebendo “palavras” de uma série de fontes sem que isso lhes peça qualquer tipo de contribuição ou envolvimento. Entendo bem o que é isso. É como a mulher sofrida que não acredita mais em homens – “eles não prestam”. Assim, há quem ache que não há uma igreja que preste.
Vivemos tempos sofridos. A Igreja está se tornando um monte de escombros sobre os quais ainda há quem suba no cume da bagunça para dizer “vem para cá e todos os seus problemas serão resolvidos”. É uma calamidade que só tende a piorar. Mas… há esperança? Há o que fazer? Será que ainda há alguma razão para discutir este assunto de dízimo? Creio que há. Mas quero pisar com cuidado. Não quero abrir feridas. Não quero amontoar mais fardos nos ombros de quem está quebrado por dentro.
Vou falar do dízimo porque tudo o que vem de Deus é bom. Sua palavra é boa. Seus preceitos são justos. Sua lei é perfeita. Como ouro refinado, ricos são os que entendem as Sagradas Letras e caminham à sua luz. Ouço os gemidos das sombras deste quadro tão sofrido dos nosso tempos. Se houver luz no que digo, que Deus seja louvado.
No próximo post vou simplesmente responder as perguntas: O Dizimo está ou não está no Novo Testamento? Jesus ratificou a prática? Ainda é lei? Para tanto vou ter que voltar aos primeiros princípios bíblicos. Prometo que não será um tratamento superficial. Vamos entender isso antes que mais alguém saia ferido!
Na paz,
+W