Vez após vez, no Antigo Testamento, os profetas foram comissionados por Deus para proclamar uma mensagem dura contra povo de Israel. A mensagem consistia em lembrar o povo escolhido do fato de Deus ter lhes livrado do cativeiro no Egito e tê-los conduzido pelo deserto até a terra prometida a seu ancestral Abrahão. Essa boa terra se tornou o palco da idolatria do povo – o lugar onde praticaram o que era mal, chegando a seguir após outros deuses, para deles receber benefícios como colheitas mais fartas e proteção de inimigos. Essas bênçãos faziam parte da própria Aliança entre Deus e Israel. Todavia, eles não ficaram fiéis aos termos da aliança e teimosamente seguiram após outros deuses – os que podiam ver e tocar, os que se adornavam de ouro e de “charme”.
Insensatez. Loucura. O que eles estavam pensando? Será que o mesmo Deus que os tirou do Egito, abriu o Mar Vermelho, fez chover maná diário por 40 anos, não poderia continuar a fazer-lhes bem? Mas, fé é algo que não existe de maneira estática. Mais do que apenas crer. Mais do que ter uma doutrina, temos que manter essa fé presente na nossa memória ativa e operante. Entendendo isso, passamos a entender o porquê da instituição da Santa Ceia. Por que uma refeição? Jesus disse: “Façam isso em memória de mim.” Mas, como poderia eu esquecer? Como poderia deixar de ser um seguidor daquele que tanto me perdoou e tanto me fez bem?
Tragicamente, é o que fazemos. Nos esquecemos. A natureza humana é adúltera por natureza. Ela esquece seus votos, seus livramentos, e trai o que é mais precioso e sagrado.
Tiago disse em Tg 4.1-10: “De onde vêm as guerras e discórdias que há entre vós? Será que não vêm dos prazeres que guerreiam nos membros do vosso corpo? Cobiçais e nada conseguis. Matais e invejais, e não podeis obter; brigais e fazeis guerras. Nada tendes porque não pedis. Pedis e não recebei, porque pedis de modo errado, só para gastardes em vossos prazeres. Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, quem quiser ser amigo do mundo se coloca na posição de inimigo de Deus. Ou pensais ser sem motivo que a Escritura diz: O Espírito que ele fez habitar em nós tem muito ciúme? Todavia, ele nos dá maior graça. Portanto, ele diz: Deus se opõe aos arrogantes, porém dá graça aos humildes. Assim, sujeitai-vos a Deus, mas resisti ao Diabo, e ele fugirá de Vós. Achegai-vos a Deus e ele se achará a vós. Pecadores, limpai as mãos, e vós, que sois vacilantes, purificai vosso coração. Entristecei-vos, lamentai e chorai. Que o vosso riso se transforme em lamento, e a vossa alegria em tristeza. Humilhai-vos diante do Senhor, e ele vos exaltará”. (Bíblia Versão Almeida Séc. 21)
A Igreja vive atrás de muitas coisas hoje em dia: sucesso, fama, riqueza, prestígio e prazeres que nem convém mencionar. Todas essas coisas são sintomas de um povo que ama o mundo e as coisas deste mundo. O Espírito está com ciúmes. Não porque é inseguro, mas porque temos sido adúlteros. Esquecemos o nosso primeiro amor. Esquecemos de quem fomos desposados. Achamos que a fé é uma mercadoria que podemos envergar em benefício próprio, e de maneira absolutamente mundana.
Tiago já o disse: este não é um momento de festejar. Pelo contrário, a Igreja Adúltera precisa cair aos pés do seu Senhor e Mestre e pedir perdão. Temos que renunciar a nossa amizade com o mundo. Temos que nos arrepender por nos termos feito inimigos do nosso Senhor e Salvador.
Esquecemos. É hora de voltar a viver uma vida mais próxima da Ceia – em memória de quem nos amou e deu a sua vida por nós. Lembremo-nos, antes que seja tarde demais.
Na paz,
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