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A profunda superficialidade de nossos dias

Uma das características que melhor definem a época da História em que vivemos é a superficialidade. Somos pensadores superficiais. Somos cristãos superficiais. Aliás, eu diria até que somos profundamente superficiais. Claro que ser “profundamente superficial” é o que chamamos de um oximoro – uma expressão que se contradiz e, ao fazê-lo, afirma uma contradição. Assim como “água seca”, ou uma “verdadeira mentira”, “profunda superficialidade” soa como um absurdo. Mas é isso mesmo o que somos. Pois somos superficiais até as mais profundas profundezas da nossa alma. Não importa quão profundamente cavemos na nossa alma contemporânea, nunca chegamos a algo que seja substancial. Tudo é superficial. Nossos sentimentos mais profundos são superficiais. Nossas paixões mais arrebatadoras são superficiais, efêmeras, passageiras. Somos pessoas cuja alma se assemelha a uma floresta inteiramente composta por árvores sem raízes. Por mais que você consiga adentrar os recônditos mais escondidos da floresta, não achará uma árvore que tenha firmeza. Pois, sem raízes, qualquer uma delas é facilmente arrancada pelo vento e substituída.

Essa constatação não significa que não tenhamos sentimentos fortes. Temos. Não quer dizer que nossas atitudes não sejam profundamente sentidas. São. Mas todas as profundezas do nosso ser, de nossos sentimentos e das nossas atitudes são, em última análise, superficiais.

Tomemos como exemplo a postura atual da maioria da sociedade brasileira contra a homofobia. “Todos” se dizem profundamente inconformados com os “tão intolerantes” cristãos. Afinal, “todos sabem” que qualquer opção de vida que um indivíduo faça é seu direito e é algo “absolutamente normal”. Esse é o discurso feito em público. Só que o bloco político que fez da sua campanha a defesa dos homoafetivos foi derrotado nas urnas de uma maneira tão absoluta e humilhante que ninguém quer falar a respeito do assunto. Na hora do “vamos ver”, da defesa política da opção dessas pessoas, ninguém compareceu. Multidões aparecem para fazer uma parada festiva. Mas, na hora de transformar esse discurso em ação… nada. E, quando não há um gay por perto, a grande maioria dos que os defendem não hesita em fazer piadas sobre os seus trejeitos.

Mas não sejamos duros com os que não compartilham da nossa fé. Afinal, vivemos numa casa cujo telhado também é de vidro. Se começarmos a jogar pedras, estilhaços vão voar para todos os lados.

Vejo pessoas demonstrarem uma enorme paixão ao defender o culto “gospel”, com todas as suas manifestações emotivas e bombásticas, e que afirmam ter um profundo “amor” para com Deus e seu Filho, Jesus Cristo, para não mencionar também o Espírito Santo. Derramam lágrimas. Fiéis se prostram e até se arrastam pelo chão, rugindo como leões. Muitos abanam os seus braços numa comoção em massa, enquanto alguém grita ao microfone algo sobre render honra, glória e louvor ao Deus Altíssimo, criador dos céus e da terra.

Pouco tempo depois, muitos (sim, muitos) estão tomando umas e outras no barzinho e contando piadas sujas. Não são poucos os jovens que até terminam no motel uma noitada após um “cultaço”. Sua paixão profunda no culto não passa de uma profunda superficialidade. Sim, porque não há ligação entre uma paixão e a outra. Arrebatados pelo culto, são, em seguida, igualmente arrebatados pelos seus instintos mais baixos, traindo tudo o que o culto deveria representar.

Leio a lista dos interesses que pessoas escrevem em seu perfil do Facebook e me espanto. Enquanto dizem “curtir” o reverendo Paul Washer, “curtem” programas de televisão que promovem sexo ilícito e toda sorte de perversão, justo aquilo que o reverendo Washer combate tão claramente: True Blood, Sexo sem compromisso, Friends, Vampire Diaries, Crepúsculo e uma infinidade de filmes e seriados que vomitam sua imundície sobre o mundo todo. Qualquer um que fizesse um estudo do perfil da maioria dos jovens que povoam a nação virtual teria que chegar à conclusão de que são insanos, hipócritas, e ímpios disfarçados de crentes. E é exatamente o que são. Iludem-se ao pensar que podem ser amigos do mundo e também de Deus.

Seus corações não estão alicerçados em Jesus. Sua paixão por Cristo é tão profundamente superficial como sua paixão pelas inúmeras cores de esmalte (que é a moda atual entre as mocinhas de Cristo) ou por sapatos – sim, sapatos. De cabeças ocas e corações esfacelados, vivem sendo arrebatados pela última novela (sim, porque isso é normal e achar que não é torna-se legalismo), moda, filme ou música. Põem Jesus Cristo ao lado de Lady Gaga nas suas páginas de “curtir”.

É insano. Uma geração sem moral, sem raízes e sem um norte.

Mas… será que são todos assim? Claro que não. Alguns estão começando a pensar. Alguns estão começando a se questionar. Nem tudo está perdido. Mas a maioria, lamento dizer, está.

Na paz,

+W

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Dando sequência à nossa série de textos “Leia mais e melhor”, finalizaremos neste texto as …

  • É verdade Bispo. Todas suas palavras são verdade. Certamente a “carapuça” servirá para muitos… Temos que vigiar e orar, vigiar e orar muito… Eu e minha esposa conversamos muito com nossos filhos, um jovem e uma pré-adolescente… Procuro ouvir o que eles têm a dizer. Oramos juntos. Aprendemos juntos. O mundo têm feito muitas vítimas e muitos pais têm sido coniventes com a atitude dos filhos. Moramos em uma cidade, onde muitos “pais” substituem uma boa conversa no lar, por presentes. O filho tira nota ruim: “Passeio no Playcenter”, Bate no colega: “Merece um piercing”…, Desrespeita os idosos: “É isso aí filhão ! Não pode abaixar a cabeça ! Você merece um IPod”… E por aí vai…

    Eu e minha esposa trabalhamos na área da educação e nos espantâmos todos os dias com o que vemos. O mundo precisa de Jesus. Porém preferem negá-lo, pois se consideram auto-suficientes. Que o Senhor nos auxilie, ensinando-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos um sábio coração.

    “Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios;”
    (1 Tessalonicenses 5:6)

    Privilégio ter lhe conhecido Bispo. Que Deus lhe abençoe.
    A paz do Senhor Jesus !

  • Bispo eu gostei muito do seu texto, o senhor fez uma boa avaliação desta geração e chegou a este diagnóstico. Todavia o que o senhor recomenda para os mesmos diagnosticados com este problema? Não é que eu esteja criticando por discordar de algo, mas simplesmente porque eu acho que o senhor poderia falar mais, dar uma orientação em meio a tudo isso, para que possamos tratar deste problema e creio que estas palavras farão uma diferença significativa para aquele que quer mudar e não sabe por onde começar.
    Em Cristo

  • Glória á Deus pelo maravilhoso texto! Estamos vivendo aépoca profetizada por Daniel em que “muitos serão purificados, embranquecidos e provados” esta profecia vem distinguir os que são dos que parecem ser. ‘nem todo o que me diz Senhor entrará no reino dos céus”A forma como buscamos Deus , vai definir em como vivemos pra esse Deus. os frutos vem definir a quem servimos de fato.

  • Seu texto é insuportavelmente agradável e relevante !
    Deus abençoe você e sua família !

  • Muito sério! muitosério! muito sério!isso é pesado!!!me dá uma angústia! mas respiro profundamente e seguir em frente buscando sabedoria de Deus para poder fazer algo de bom para com todos! Sem superficialidade! ajuda Senhor! Amém!

  • duras, verdadeiras e necessárias palavras par a nossa geração!

    A GERAÇÃO AÇÃO deve se valer se seu título e arregaçar as mangas contra esse tipo de “ecumenismo” que se adentra sorrateiramente nas igrejas! Vida com Cristo é viver na contra mão do mundo, nossa nação precisa de uma Geração nova, que tenha Ação contra o mundanismo!

    Estou disposto a viver na contra mão do mundo!

  • Que coisa não?
    Recentemente, fiz um curso EAD (Educação à Distancia), que aliás foi muito bom, recomendo educação à distância, desde que haja disciplina do aluno.
    Mas, mesmo em um curso à distância temos os encontros presenciais para realização de avaliações, e saímos da “esfera” virtual, e aí conheci algumas pessoas, e destas algumas se declaravam evangélicas, e, realmente nos perfis, constavam coisas absurdas, como estas citadas no artigo acima, por exemplo: como um cristão não tem a Biblia Sagrada na sua lista de interesses?.
    E como se não bastasse, presenciei certa vez uma colega que se dizia crente, reclamando dos colegas do “fundão” da sala que não compartilhavam as respostas (ou seja, cola), e confesso que fiquei surpreso.
    O que podemos notar em nosso redor, são pessoas mudando de religião, sem mudar de vida, declaram ao Senhor Jesus como o Rei de suas vidas, mas não saem do trono dos seus corações.
    Sinceramente, não sei onde vamos chegar, pois somos tentados a todo instante, e até mesmo chegamos a pensar se estamos realmente corretos em nosso comportamento quadrado.
    Em nossas igrejas (digo isso por que converso com irmãos de outras denominações) nos deparamos com um festival de vaidades que vai desde as vestimentas, que muitas vezes são até sexuais (sexuais mesmo), até a pregação que algumas vezes nada tem ha ver com o Santo Evangelho.
    Ninguém fala mais em discipulado, disciplina, doutrina…
    É… como diria o apóstolo Paulo: tempos trabalhosos…

    Em Cristo,

    Ricardino.

  • Bispo, que “tapa” na cara foi esse. Falou comigo profundamente, gloria Deus por sua vida e saber que podemos contar com homens como o senhor na internet que prega sem medo a busca da face de Deus, sua santidade. Muito bom segui-lo e saber que meu ministério pastoral tem sua influencia de uma forma muito especial, pois não temos contato físico seja por eu ser de outra denominação e tbm pela distancia e agendas. Deus seja contigo!!! Paz do Senhor.

  • Palavras sabiamente necessárias ao despertamento da igreja de Cristo.
    “Vejo pessoas demonstrarem uma enorme paixão ao defender o culto “gospel”, com todas as suas manifestações emotivas e bombásticas, e que afirmam ter um profundo “amor” para com Deus e seu Filho, Jesus Cristo, para não mencionar também o Espírito Santo. Derramam lágrimas. Fiéis se prostram e até se arrastam pelo chão, rugindo como leões. Muitos abanam os seus braços numa comoção em massa, enquanto alguém grita ao microfone algo sobre render honra, glória e louvor ao Deus Altíssimo, criador dos céus e da terra.”

  • Paz Bispo. Mais grave é que os superficiais fazem concerto de agradar a Deus, fingindo adora-lo (Os.6), o resultado é que vemos pessoas sem nenhuma estrutura espiritual, pelo tempo já deveriam ser mestres, mas são meninos, aprendem sempre, mas nunca chegam ao conhecimento da verdade.

  • É, Chegará o dia em que tudo isso que vocês estão vendo será destruído. E não ficará uma pedra em cima da outra, “dessa iGREJA que cremos que somos”. Que Deus tenha misericordia de nós!

  • Louvo a Deus pelo privilegio de ter lido esse texto, somos ou temos que ser vozes que clamam no deserto, precisamos manifestar o nosso protesto contra o pecado e a falsa aliança com Deus…

    Concordo plenamente, mas também acho que talvez coubesse aqui algumas dicas para os leitores de modo geral…

    Gde abç

  • A conversão é um processo. O homem não fica crente espiritual no dia em que se converte. Leva algum tempo. Em alguns, a conversão se processa com maior rapidez. Noutros, mais lentamente. Despojar-se do “velho homem”, dos velhos hábitos não é coisa fácil, apesar da ajuda do Espírito Santo. A luta para ter domínio sobre o pecado dura toda a vida. Veja o exemplo de Davi, que cometeu adultério. E ao nosso redor, vemos muitos crentes com acentuada carnalidade. É importante que persigamos o alvo da santificação e obediência. Deus vê o propósito do nosso coração. Daí a recomendação bíblica para suportar os mais fracos. (Romanos 15: 1 e 2)

  • Concordo com o senhor Bispo. Mas o que faremos para mudar isto? Me descuple pela pergunta, não estou lhe acusando de nada. Na verdade é o primeiro artigo de sua autoria que leio. Pesquisava na página da Sepal, indica por meu pastor, e me interessei por seu artigo. Sou cristão a pouquíssimo tempo, cerca de 3 anos, tenho 30 anos e quando era do mundo vivia o mundo intenssamente. Me alegrava por conviver com pessoas que também viviam o mundo dessa forma. Encontrei Cristo e fui liberto da escravidão que dizia ser liberdade. A cada minuto que vivo hoje, como cristão, me deparo com mais e mais cristãos que vivem da maneira que o senhor descreveu. Ma se aí? Fazer o que? A Bíblia diz para orarmos, exortarmos uns aos outros, nos consolarmos… Mas entendo que somente passar a mão na cabeça não basta. Digo por experiência própria. Quando eu era do mundo, se deixava de pagar um traficante ou a conta do bar, alguém vinha me cobrar. Pois é, a Bíblia nos diz que a consciência, a de cada um, faz esse papel. Mas agirá o Espírito Santo em consciências cauterizadas pelo pecado? Deixarão de sair dos “cultassos” para ir aos barzinhos e findar em motéis, a geração de hoje, a geração da tecnologia? Como fazer alguém entender que passar horas e horas com o Espírito Santo é melhor que comungar com irmãos horas e horas no video game? Louvo a Deus por seu artigo, e rogo ao Espírito Santo que derrame continuamente o arrependimento sobre todos que vivem como falsos cristãos, dando ouvidos a fábulas de velhas caducas e não suportando a sã doutrina. Afinal, somos dos que nunca desistem, dos que prosseguem adiante, rumo ao alvo que é Cristo.

  • Ana

    Fui a um congresso de missões muito importante no meio evangélico brasileiro e fiquei muito decepcionada com algumas coisas que vi e ouvi. A grande maioria dos pregadores não falou sobre missões ou sobre o amor ao próximo e evangelização mas sobre “prosperidade”, “bênçãos” de todo tipo e de uma “renovação espiritual” mais focada na emoção do momento do que na busca pelo Espírito Santo e no culto racional que oferecemos a Deus. Muitas frases de efeito e pouca oração e contriçã0 e pior: pouca mensagem realmente bíblica. Graças a Deus também encontramos lá pessoas simples mas com muita devoção e dedicação à palavra de Deus e a oração. Não estou aqui querendo apontar os erros de ninguém nem duvidar da sinceridade e seriedade das pessoas que organizaram o congresso, cabe a Deus e não a mim sondar os corações, mas falo do conteúdo transmitido. E isso me preocupou bastante. Cristãos de toda a parte do Brasil e alguns até do exterior sendo alimentados espiritualmente com superficialidades. Não sou nada, literalmente, sou mais uma ovelha do rebanho, um vaso de barro cheio de problemas, mas me acostumei a buscar na Palavra de Deus a minha base, por necessidade mesmo. Fico pensando na pregação de João Batista:”Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus”. Creio que precisamos de pessoas que voltem a pregar assim. Que ponham o foco em Deus e não nas coisas deste mundo. Que Deus o abençoe, Bispo! Sinto falta do Café Espiritual no rádio mas continuo acompanhando o sr. aqui sempre que posso. Paz!

  • Querido Bispo Walter,
    Diante da coerência dessas palavras com a vida real, só há uma coisa a pedirmos a Deus, que a multidão das suas misericórdias nos alcance.

    Abraço e a paz de Cristo seja contigo!

  • Bispo,

    o seu texto fala muito do que vemos e nos escandalizamos todos os dias. Os que se autodenominam cristãos ou, como consta a “modinha”, evangélicos, não tem a menor ideia do que é viver uma vida de santificação, sim concordo com a irmã acima é um processo, mas não temos como nos santificarmos se não nos afastarmos do que alimenta a nossa carne e buscar a Deus para que o nosso espírito seja alimentado e o pecado perca assim a força.

    Essa atitude, no entanto, é um sinal de compromisso assumido e ninguém pode tomá-la por nós, especialmente Deus, essa responsabilidade não pode ser passada para alguém mesmo um pastor. Estamos com templos cheios de religiosos que não sabem ou fingem não saber o que é negar o seu eu e deixar Cristo viver. Esses exemplos citados no texto são as consequências de uma vida (pseudo) cristã irrelevante, devemos nos lembrar da palavra de YESHUA que nem todos que dizem Senhor, Senhor herdarão a vida eterna.

    Fabiana

    RJ

  • Um texto com uma visão bem crítica e realista do presente, abrindo os olhos e ouvidos de quem lê, porém ainda existem 7.000 que não dobraram seus juelhos a baal, sei que é dificil encontrar como o próprio Elias não encontrou, mas tem muitos que mesmo pressionados ou marginalizados naõ aderem ao sicretismo. Deus ainda por sua infinita misericordia tem gente fiel no meio de lobos e alienados.