Provavelmente você já viu algum vídeo viralizado na internet de algum professor sendo humilhado, ironizado, ou até mesmo violentado por alguns alunos de sua classe. Para a maioria das pessoas, tais cenas são um espanto. Mas como viemos parar nesse momento caótico catastrófico em nossas salas de aula? Onde foi parar a autoridade do professor para com sua classe de alunos?
Creio que podemos estabelecer como um dos principais marcos para essa derrocada: a secularização do pensamento ocidental, acentuada a partir da década de 60 do século XX. Em uma sociedade pós-guerra, esfacelada pela crueldade vista nos períodos de conflito, encontrou-se um fértil terreno para o início da desconstrução da noção de autoridade na família, na religião e no Estado. É o que o filósofo Zygmunt Bauman chamava de “modernidade líquida”. As instituições e os sólidos valores de outrora começam um processo de “liquefação”, perdendo sua solidez e tornando-se maleáveis e voláteis como um líquido.
Essa ideia ganha grande expressão com a Escola de Frankfurt, uma corrente filosófica e política dessa época, principalmente pelas mãos (e livros) de Max Horkheimer. Uma das principais publicações a respeito é “Autoridade e família”. Ele credita a ideia vigente de autoridade como iniciada no seio familiar, depois sacralizada na religião e, por fim, concretizada no Estado. Dessa forma, para revolucionar a noção de autoridade, tornando “líquida” a sua solidez, o caminho seria a subversão desta, começando pelo núcleo familiar inserida em suas mentes? O avanço da ideia se daria pelos principais pontos de contato das crianças e jovens da época: a mídia e a escola.
O processo de “propaganda revolucionária” pelos meios de comunicação se iniciou há muitas décadas e permanece em franco crescimento até os dias de hoje. Além disso, com as Universidades sendo apropriadas pelo pensamento revolucionário, nos deparamos com uma grande massa de professores e pensadores que chegaram às salas de aula com essa cosmovisão em mente. Mesmo que alguns deles não tenham a intenção de explicitamente doutrinar os aprendizes, é inevitável que sua visão de mundo e novos valores transpareçam e influenciem os alunos de alguma forma.
A última estratégia para implantação desses novos valores se deu pela via estatal, mais especificamente legislativa: grandes lobbys nas esferas de poder dos governos mundo afora proporcionaram avanços significativos nas legislações a respeito dessa nova moralidade, ganhando vulto e chancela estatal para sua completa implantação.
Só que toda essa estratégia têm suas consequências, e elas estão a olhos vistos: é só assistir a um vídeo de alunos tripudiando de algum professor, como comentamos no início do texto. É aterrador notar a incoerência de certos pensadores e influenciadores repudiando tais atitudes, quando eles mesmo foram grandes arautos da desconstrução da noção de autoridade!
Diante desse cenário caótico, qual deve ser nosso papel? O resgate da autoridade do professor em sala de aula não virá senão pela coragem individual (e muitas vezes, aparentemente inócua) de mestres que se posicionem como referências acadêmicas, morais e circunstanciais em suas redes profissionais e de relacionamento. Uma andorinha só não faz verão, mas o trabalho de muitas, se unidas, podem fazê-lo.
Isso é vital para a sobrevivência dessa fantástica vocação, bem como da saúde emocional e acadêmica de nossos aprendizes. É necessário pensar no futuro, e para isso é urgente o resgate da autoridade do professor. Que Deus te dê coragem para perseverar e honrar o magistério para a glória de Deus!