Dando sequência à nossa série sobre plano de aula, falaremos hoje sobre o conteúdo da aula. Uma vez que o professor já estabeleceu o tema e o objetivo da aula, precisamos pensar sobre o que será falado em classe. Pode parecer algo intuitivo ou aparentemente simplório. Alguns diriam: “Ora, deve-se falar todo o conteúdo possível”. Será mesmo? Outros fatores como o tempo de aula, o perfil dos alunos, e até mesmo o planejamento das aulas seguintes são importantes para a delimitação do conteúdo de uma aula.
A primeira pergunta que você pode estar se fazendo é: “Mas em minha igreja utilizamos uma revista de Escola Dominical, o conteúdo já está determinado e delimitado ali”. Preciso reconhecer a inestimável contribuição que as revistas dão às nossas classes de Escola Bíblica país afora, por anos a fio. Eu mesmo sou um devedor desse valoroso material produzido. Contudo, é necessário caminharmos um pouco mais em direção a uma maior maturidade. Por mais que as revistas sejam muito úteis, precisamos pensar mais em nosso próprio contexto, nossas peculiaridades e elementos característicos de nossa turma. Isso não significa abandonar as revistas, necessariamente, mas pelo menos repensar a abordagem, ou a extensão do conteúdo abordado ali, uma vez que a revista não foi pensada para o seu público, então cabe a você, mestre, adaptar esse material para seus alunos.
Em primeiro lugar, o conteúdo precisa ser delimitado pelo fator tempo de aula. Nós precisamos trabalhar com o tempo que temos. Não adianta querer falar tudo sobre oração em 50 minutos de aula. Simplesmente não dá para abordar assuntos vastos em pouco tempo. Muitas vezes até mesmo a extensão da lição da revista é grande demais para o tempo que temos. Com isso, precisamos nos adaptar, e selecionar o que é mais importante que seja falado (a mera superação da leitura da revista em sala já nos faz ganhar muito tempo!).
Em segundo lugar, precisamos pensar no perfil dos alunos. Nem toda revista de adultos servirá para a sua turma de adultos. Eu mesmo já utilizei revista direcionada a jovens em classes de adultos, e vice-versa. Como professor, precisa conhecer seus alunos, suas necessidades, suas forças e fraquezas, a fim de determinar e delimitar o conteúdo de acordo com seu perfil. Não dá para iniciar temas teológicos complexos em uma classe de pessoas iniciantes na fé, ou falar de coisas triviais com abordagem principiante para uma classe de pastores, por exemplo. A seleção daquilo que falaremos dentro do conteúdo proposto deve ser moldado pelo perfil de nossos alunos.
Em terceiro lugar, o planejamento de aulas deve ser importante na definição desse conteúdo também. Ainda sobre o exemplo da oração: caso seja definido que naquele trimestre o assunto será oração, é insano e contraproducente querer falar tudo sobre oração no primeiro dia de aula, ou esgotar o assunto nos primeiros domingos. O tema precisa ser detalhadamente espalhado para que seja falado de forma consistente e robusta durante todo o tempo. Dessa forma, por exemplo, a primeira aula pode se restringir a falar sobre algum aspecto da oração, enquanto a segunda dará continuidade falando sobre outro aspecto… sempre tendo em mente a vigilância para que o assunto de uma aula não “invada” o espaço de outra.
Por fim, precisamos reconhecer que o trabalho de delimitação de conteúdo não é simples, mas precisa ser encarado. Precisamos sair da preguiça intelectual de aplicar a revista de EBD de modo indiscriminado, mas utilizá-la como recurso importante, porém adaptável à sua realidade de alunos, de tempo de aula e de planejamento de ensino. Como já falamos muitas vezes, o professor precisa pensar na experiência de aprendizado do aluno, de forma que seus ouvintes possam crescer e conhecer a Palavra de Deus de forma cada vez mais consistente e viva. Que Deus abençoe você nessa missão!