Nossa sociedade é chamada de “sociedade de consumo”. Quer dizer que o padrão de comportamento esperado de cada membro dessa sociedade é o de um consumidor, alguém que compra. É isso que nos define como pertencentes a este mundo. Já dissemos que, desde que o homem se entende por gente, ele consome. Porém, quando caracterizamos nosso mundo como “sociedade de consumo”, estamos dizendo que esse é o ato primordial que define o comportamento social. Além disso, esta sociedade é marcada por ofertas abundantes de bens e pelo enorme poder exercido pela propaganda.
O ser humano que vive na era pós-moderna é caracterizado pela ausência de uma identidade. A propaganda nos moldes atuais trabalha para criar essa identidade a partir de mercadorias que, ao serem adquiridas, conferem um determinado status ao possuidor. Ou seja, basta poder escolher as roupas certas que você passa a pertencer a determinado grupo, que na estação seguinte pode mudar seu estilo ou a cor predominante. O poder de escolha é uma maneira de se autoafirmar e de pertencer a um grupo. Isso acontece com você?
O francês Jean Baudrillard, autor de um livro chamado Sociedade de Consumo, acredita que nossa sociedade impõe aos indivíduos a necessidade de se diferenciar dos demais para que sejam percebidos ou valorizados. E, ao mesmo tempo, os incentiva a adquirir as mercadorias que tornem perceptíveis essas diferenças e peculiaridades.
Vemos que, por tudo isso, consumismo e pós-modernismo foram feitos um para o outro. Mas há mais. O pós-modernismo se caracteriza pela ausência de referências absolutas. Não há uma única verdade, mas a “minha verdade” e a “sua verdade”. Ora, em um ambiente que afirma isso, o poder de escolha é essencial para que possamos exercer a “liberdade” de expressarmos a verdade que melhor se adequa ao gosto pessoal.
Vimos também que o pós-modernismo está sempre se reinventando. Já que não existe uma verdade universal, não há por que pensar em objetivos a longo prazo. O importante é viver o hoje e o agora, ou “viva agora, pague depois”. O pós-modernismo exalta aquilo que é imediato. E quem pode oferecer coisas de imediato? Sim, o mercado de consumo! Quantas propagandas vemos sobre crédito fácil e imediato, por exemplo? O próprio uso do cartão de crédito traz embutida esta filosofia: compre agora! Para que esperar?
O indivíduo pós-modernista é consumista, hedonista e narcisista, se preocupando com o presente. Isso é um problema que o pós-modernismo trouxe, devido ao alto grau de sofisticação dos arsenais de sedução e domínio, obrigando o sujeito a consumir. A quantidade de informações, na maioria das vezes inúteis, está produzindo cidadãos passivos, desmobilizados e despolitizados, meio vegetais diante da mídia, inseguros e de vontades determinadas pelas suas necessidades mais imediatas. Nesse emaranhado de informações, valores e tendências, dispersas nas mais opções oferecidas ao indivíduo, a ideia é que o mundo está sem limites e de que o paraíso é o passageiro prazer de cada novidade do consumo.1
1. Benton, John. Cristãos em uma sociedade de consumo. São Paulo: Cultura Cristã, pg.15
2. Aqui é importante explicar algo: materialismo e consumismo são coisas próximas, mas diferentes. O materialismo faz parte da história há muito tempo. Tanto o antigo comunismo quanto o capitalismo são materialistas, cada um à sua maneira. O apego ao material (rejeitando frequentemente o sobrenatural), conferindo-lhe um caráter eterno é o que pode ser dito, muito superficialmente, sobre a característica principal do materialismo.
3. Benton, pg. 15
4. Benton, pg 13/14
5. http://www6.ufrgs.br/co-link/dicionariosocial/view_text.php?wikipage=//sociedade_do_consumo
6. Bueno, Chris. http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=36&id=429
7. http://0posmoderno.wordpress.com/2008/04/11/o-pos-modernismo/
A série “Consumismo” foi extraída do livro “Você não me entende!”, lançado pela Editora Anno Domini, em 2011. Saiba mais sobre a obra no site www.editoraannodomini.com.br