Início / Artigos / De que tipo de Papa precisamos?

De que tipo de Papa precisamos?

“O trono de São Pedro está vazio”, diz a manchete do jornal O Globo, com seu senso infatigavelmente dramático. Quem vai ocupar esse lugar tão importante e tão emblemático? Por que o Papa Bento 16 renunciou ao papado? Que correntes sinistras correm por baixo dos corredores do Vaticano? E, afinal, o que isso significa para o conceito do papado e da própria Igreja?

Tive a oportunidade de assistir a comentaristas da televisão americana, que protestaram acerca da necessidade de um Papa nascido nos Estados Unidos. Afinal, disseram eles, a Igreja precisa se modernizar e se adequar aos movimentos sociais dos nossos tempos. E que país estaria mais na crista da onda das grandes mudanças sociais do que os próprios EUA?

Outras pessoas, por sua vez, defendem um Papa da América Latina ou da África, em virtude de a esmagadora maioria dos católicos do mundo viverem nos continentes do hemisfério sul. Não faltam jornalistas e articulistas para opinar, cada qual com a sua visão do que a Igreja “precisa” ser ou fazer. Afinal, dizem, “o mundo muda e a Igreja precisa se adequar ao mundo”.

Na minha opinião, o Papa deve ser um cristão. Apenas. Um cristão. Precisa ser alguém que ama Deus e seu Filho, Jesus Cristo. Precisa ser alguém que ama o seu rebanho. Precisa ser alguém que dá mais importância ao que está escrito nas Sagradas Letras do que ao que está escrito nos jornais mundo afora. Precisa estar pronto para sangrar pela Igreja Romana — que não anda bem das pernas e que abriga sob a sua sombra liberais, conservadores, pedófilos, carismáticos, piedosos, agnósticos, verdadeiros santos, verdadeiros farsantes, crentes de verdade, espíritas-católico-romanos, adoradoras de Gaia, frades mendicantes, políticos sagazes, pessoas de oração e silêncio e revolucionários dispostos a empunhar armas. Sim, sob esta denominação, Igreja Católica Apostólica Romana, há de tudo. Há tanto de tudo que muitos evangélicos, provavelmente a grande maioria, creem que seja impossível ser um católico e ainda ser cristão.

Como já falei no meu livro O Fim de Uma Era, uma afirmação categórica como essa nos põe em perigo de pecar contra Deus. Afinal, durante os primeiros 1.500 anos da era cristã a única igreja no mundo era a Católica (se bem que divida entre Roma e Constantinopla). E, além do mais, tenho amigos católicos que conheço como pessoas de real experiência com Deus. Não posso negar essa realidade.

O que mais me chama a atenção é que todos têm opiniões fortes sobre os grandes movimentos ditos cristãos. Todos têm sentimentos fortes a favor ou contra A, B ou C. Mas, poucos têm um olhar para dentro de si tão crítico como têm para fora.

Em vez de perguntar de que tipo de Papa a Igreja precisa, devemos perguntar que tipo de membro a minha igreja precisa que eu seja? Que tipo de pai meus filhos precisam? Que tipo de marido a minha esposa precisa? E que tipo de discípulo Deus quer que eu seja? Todos querem opinar sobre a escalação da seleção brasileira de futebol. Mas poucos calçam um tênis para dar uma corridinha e eliminar aquele pneuzinho que anda crescendo na cintura. Todos querem salvar as baleias. Mas muitos jogam seu lixo à beira da estrada esperando que alguém limpe o meio ambiente. Todos querem que nossos líderes sejam bons governantes – honestos e retos. Mas muitos passam o próximo para trás e transgridem a lei no trânsito se não houver uma fiscalização eletrônica para multá-los — dando cortadas e andando pelo acostamento ao sinal de um engarrafamento.

Qual é o maior problema da igreja? Diga comigo em voz alta: O MAIOR PROBLEMA DA IGREJA SOU EU.

O que acabei de dizer, mesmo não se aplicando a você, certamente se aplica a mim. Sou um pecador salvo somente pela graça de Deus. Mas essa graça precisa ser operante. Preciso fazer por onde, me lançando nas misericórdias de Deus. Pois o que tenho eu com o Papa que será eleito? Isso diz respeito a 120 cardeais em Roma. O que me cabe fazer é cuidar dos meus pés, das minhas mãos, dos meus olhos e dos meus ouvidos. Acima de tudo me cabe cuidar do meu coração. Pois é do coração que depende toda a minha vida.

Na paz,

+W

Leia também

leia+6

A leitura inspecional Parte 3 | por Gabriel Carvalho

Dando sequência à nossa série de textos “Leia mais e melhor”, finalizaremos neste texto as …

  • Obrigado !! Vou fazer a minha parte !!

  • amei este post , glória A DEUS POR SUA VIDA , com certeza se ouvesse um igreja aqui nova vida eu iria estar nela , em anápolis goias.. forte abraço

  • Muito bom amado bispo, vale muito apena compartilhar.

  • Muito bom!!!

  • EU Acho qae o povo ao invés de fazere uma autoanálise,querem Idolos para resolverem seus problemas.

  • Mto bem colocado. Nao deixou escapar a chance de, como lider evangelico, orientar o rebanho a seguir tao somente a Jesus. O pensamento que paira eh “De que tipo de papa precisamos?” , qd na verdade precisamos pensar que tipo de virtudes eu preciso. Obrigada por suas palavras. Foi edificante para minha vida. Deus o abencoe.

  • Bispo, muito interessante esse post, tenho conversando com grandes amigos que são católicos e realmente cada um deseja um papa de diferentes pensamentos, atitudes ou até mesmo mais liberal, mas acho que como muitos evangélicos a igreja católica tem muitos membros que desejam que suas vontades sejam atendidas mesmo que seja errado. Bem mais um vez parabéns por esse ótimo texto.

    A paz.

  • Bispo Walter, Paz e bem! Peço sua autorização para copia o texto acima e publicar no site do Ministério Orando em Família. (http://www.ministerioorandoemfamilia.com.br/) Penso que o texto que o Dom escreveu é o mais coerente até agora publicado na rede. Em Cristo, Pr. Markos Leal

  • Gostei: tinha que ser o meu bispo. Muito bem esclarecido. Sabemos que o mundo está num verdadeiro colápso, e não é um papa seja de que nacionalidade for, que vai resolver o problema mundial. Então, sigamos em direção a cruz de Cristo.

  • Texto muito oportuno e coerente, Bispo!

    Deus o abençoe!

  • Palavras bem pertinentes para esse momento, Bispo Mcalister. O Eterno e bom Senhor continue lhe iluminando !!!!
    A paz de Cristo!

  • Graça e paz Bispo Walter,

    Acho interessante notar que Jesus lidou com pessoas cujas mentes eram permeadas por religiosidade, e por isso, não tinham a capacidade de perceber e viver uma vida devocional prática à altura das expectativas de Deus.

    Fico impactado ao ver as conversas do Mestre com Nicodemos e a mulher Samaritana.

    A Nicodemos Jesus mostrou que a condição para entrar no Reino dos Céus seria *nascer de novo, da água e do Espírito*
    À mulher Samaritana Jesus revelou que o Pai é espírito, e portanto, busca verdadeiros adoradores (não necessariamente religiosos), que o adorem em espírito e em verdade!

    Pronto. Que Deus, em sua sublime misericórdia, nos conceda a Graça de compreender estas verdades, e cumpri-las. Amem.

  • Como assim “precisamos”?? Eu, enquanto crente-cristão-evangélico não preciso de Papa nenhum!! Quem precisa de um Papa assim ou assado são os católicos romanos e o mundo, que rejeitam o amor à verdade… (IITs2,10)
    Mas uma coisa o autor disse bem: o Papa deveria ser apenas e simplesmente um cristão e conduzir a Igreja Católica Romana à conversão ao Evangelho de Cristo, o que faria dessa jactante instituição uma simples e apenas uma igreja cristã.

  • Como sempre Bispo,as suas palavras são inspiradoras e motivadoras para tentarmos ser melhores discípulos de cristo.agradeço a Deus pela oportunidade e privilégio de fazer parte desta Congregação.

  • Gostei, vou fazer a minha parte, boa Noite.

  • Um texto bastante reflexivo, muito bom.

  • Penso que alguns posicionamentos carecem de embasamento teórico para que, a posteriori, sejam lançados num espaço de tal visibilidade como este blog… Comentários de caráter generalizante, que não observam as especificidades contribuem somente para a manutenção da leitura (generalizante, aliás) que é feita a nosso respeito…Evangélicos são fanáticos, fundamentalistas, limitados intelectualmente e outros tantos adjetivos…Faz-se necessário portanto, o atendimento das demandas propostas pelos apóstolos naquilo que diz respeito a busca pelo conhecimento, DEVIDAMENTE orientado pelo Espírito Santo, objetivando a adoção de um posicionamento equilibrado para o trato das questões difíceis da vida. Bispo Walter, observações pertinentes, como sempre.

    Paz e bem.

  • Bispo McAlister, sempre admirei seu pai e suas mensagens pela TV na minha juventude e me parece que a mesma unção está sobre sua vida. Parabéns pelo artigo tão oportuno e seu posicionamento, que endossamos.

  • Assino em baixo, Bispo McAlister.

  • Que belo artigo, Reverendo! Você disse tudo o que as pessoas precisam ouvir!
    Abraços

  • Muito bom o texto! Um forte abraço!

    http://www.lucianopaeslandim.blogspot.com

  • “Senhor, faz de mim um ser melhor, melhor irmão, melhor filho, melhor amigo, melhor namorado e um futuro melhor marido… faz de mim um melhor cristão, faz de mim alguem que está no centro da tua vontade, que faz a diferença, pelo simples fato de ser diferente!”

  • fico feliz de fazer parte de uma igreja, que prega o verdadeiro evangelho sem ficar criticando a religiao dos outros .o bispo e uma pessoas muito usada por deus e com palavras sabias.estou na ICNV de olaria- rj , ha quase um ano e muito feliz com cristo. vou me batizar em breve.a paz de cristo.