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Esperança para o coração partido

cruz Admiro as pessoas que vivem felizes. Não sei como conseguem, mas admiro. Tenho amigos que parecem passar pelas coisas da vida, algumas muito difíceis, e ainda conseguem manter um otimismo infatigável. Não sei se são assim porque realmente nunca entenderam o que está lhes acontecendo ou se simplesmente foram criados desse jeito. Para alguns, Deus parece ter dado um coração resiliente, capaz de receber os socos da vida e mesmo assim não se ferir.

Você é assim? Se for o caso, que bom. Não é o meu caso. Estou me aproximando da terceira idade com um coração frágil. Sempre fui destemido, nunca fugi de um desafio ou de fazer o que fosse necessário. Mas isso não quer dizer que não haja sequelas.

O que me aconteceu? Não vem ao caso, foram tantas coisas. Basta dizer o que meu pai me disse um dia: “O mesmo sol que derrete manteiga endurece concreto.” E o meu coração não é de concreto.

Estamos no meio da Semana Santa. Em poucos dias estaremos nos lembrando do dia em que o Nosso Senhor foi preso, torturado e crucificado nu em uma cruz. O sofrimento partiu-lhe o coração. Quando o soldado o feriu com a lança, saiu água e sangue misturado. Já ouvi dizer que isso aconteceu porque o seu coração havia literalmente partido. Mas Jesus sofreu tudo pela alegria que lhe esperava: fazer a vontade do Pai. Ele sabia que tudo era parte do plano perfeito de Deus e que ele seria restaurado para a glória. Sim, ele tinha certeza da ressurreição.

Tudo é suportável, desde que haja esperança. E foi nessa esperança que ele bebeu do cálice da ira de Deus — o mesmo cálice que pediu que passasse dele, quando orava e pranteava no Jardim de Getsêmani. Destemido, ele enfrentou a ira do mundo e de Deus. Não fez com que sofresse menos. Mas fez com que fosse suportável. Ó, quanto sofrimento ele suportou! Jamais alguém sofreu o que ele sofreu, nem antes, nem depois. Foi traído, abandonado, preso e torturado. Na cruz chegou a bradar “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” Todavia, quando terminou tudo, disse “está consumado.” Afirmou que havia terminado o que viera fazer. Todavia, como prometido em Salmo 16, o Pai não o abandonou no sepulcro. Não deixou que seu filho sofresse decomposição.

Essa é minha esperança. Após tudo, os que estão em Cristo têm um encontro marcado. A morte foi vencida. A vitória do Senhor será nossa. Um dia não haverá mais choro, dor, lágrimas, traição, cansaço ou tentação. Um dia não haverá mais falsidade, sujeira, corrupção, discussão, controvérsia ou frustração. Um dia não haverá mais violência, injustiça ou incompreensão. Até a natureza celebrará. As árvores baterão palmas e os montes irromperão em canção. O pecado será banido. A morte terá sido vencida de uma vez por todas. Os que estão em Cristo serão levados para um descanso eterno. Em apenas um segundo, uma vida inteira de lágrimas será apagada. E, então, pelo resto da eternidade seremos tomados por júbilo — a alegria eterna e incontida de quem foi resgatado das garras da morte e do mundo sombrio e tenebroso.

Domingo nos lembraremos do dia da ressurreição de Nosso Senhor. Porque ele vive, posso crer no amanhã. Hoje o coração dói. Choramos sim. Mas, porque ele vive, sei que isso não passa de uma leve e momentânea tribulação, quando comparado a uma eternidade com ele.

Na paz,

+W

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