Escrevo este texto durante um mês de Julho. Você consegue perceber como o ar nas ruas está mais tranquilo? Como podemos ouvir, quem sabe, até o sabiá que canta no poste ali na esquina… o trânsito, então, nem se fala, é um sonho dirigir como se estivesse naquelas famosas highway norte-americanas, sem engarrafamento, sem se aborrecer… ora, e a causa desse maravilhoso oásis anual em nossas metrópoles têm nome… FÉRIAS! Férias escolares!
O princípio embutido nas férias é estratégico: o descanso. Deus conhece muito bem desse assunto, pois Ele criou essa ideia, expressa no Antigo Testamento por meio da instituição do sábado. Ou seja, até Deus sabe que nós precisamos descansar em algum momento. Em nosso contexto, precisamos descansar… dos estudos, sim! Da sala de aula, sim! O autor de Eclesiastes foi cirúrgico ao afirmar que “Não há limite para a produção de livros, e estudar demais deixa exausto o corpo” (Ec 12.12).
Quando pensamos em um sistema educacional comum – uma escola, uma faculdade, ou mesmo um curso -, a noção de férias dentro do calendário letivo é consenso na comunidade acadêmica, e aceita sem ressalvas, vista inclusive como um benefício, e algo positivo no fim das contas. As pessoas retornam de seus descansos preparadas para uma nova etapa de aprendizado e crescimento intelectual. As férias são uma unanimidade para quem trabalha com o ensino.
Ora, mas por que causa, motivo, razão ou circunstância… na igreja não é assim? Por que temos de expor nossos professores e alunos a jornadas ininterruptas, a um interminável looping de aulas sequenciais sem o menor sinal de pausa no calendário (a não ser na semana do Natal e do Ano Novo, e olhe lá)? Que espécie de escola coloca seus atores nessa situação, sem proporcionar-lhes uma espécie de “parada para respirar” um pouco?
É certo que, se estamos considerando uma igreja que tem um sério compromisso com as Escrituras, provavelmente as classes de ensino estão tocando em temas complexos e difíceis de assimilar. Por vezes, é preciso parar para “tomar um ar”, e não atropelar logo com outro assunto da próxima revistinha adquirida para o trimestre seguinte… Como alguém vai conseguir prestar atenção nas aulas sobre Discipulado, por exemplo, se esta vier logo após um trimestre exaustivo sobre Escatologia?
A consequência de se trabalhar dessa forma são alunos desgastados e desanimados, sem a chance de descansarem um pouco para retornarem como “todo o gás”; bem como professores pressionados em ter sempre aulas preparadas e temas de aulas para os domingos seguintes, num ciclo interminável de dedicação que traz estafa e sensação de fracasso ao mestre, nosso colega meramente mortal que não consegue manter o nível de suas aulas se não tem pausas para descanso por anos a fio.
A estruturação de um ano letivo para as classes de ensino na igreja é uma decisão aparentemente pragmática apenas, mas ela visa a um melhor aproveitamento dos principais atores da sala de aula: professores e alunos. Isso envolveria rever nosso tradicional sistema de módulos trimestrais na Escola Dominical (você já entendeu que quatro trimestres é igual a 12 meses, que é igual a aulas sem parar). Porém, se for para o benefício e melhor aprendizado de nossos alunos, bem como para a sanidade e manutenção da qualidade de nossos professores, que assim seja. Que um dia possamos chegar ao nível em que seja normal ao aluno da EBD e seu professor se cumprimentarem dessa forma: “Boas férias, nos vemos mês que vem!”. Deus o abençoe!
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