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Fome e Sede

passaro-comendo-mao Nós somos movidos a desejos e paixões. Nada é tão determinante para o progresso ou para o fracasso quanto o teor e a intensidade dos nossos desejos. Além disso, eles possuem o poder de provar o nosso coração e de determinar quem somos. Na verdade, cada um de nós é o resultado da paixão que carrega; e por mais que habilidosamente e de forma proposital tentemos mascarar quem somos, nossas mais profundas ânsias aflorará no que falamos e até nas expressões públicas mais simples e casuais. Que tipo de desejo move a sua vida? Que tipo de paixão você carrega no peito?

A Igreja deveria ser uma comunidade de famintos e sedentos por Deus. Ela deveria reunir as pessoas mais radicalmente consagradas ao propósito de explorar as profundezas do Altíssimo. O que aconteceu? Onde estão os famintos e sedentos, não de pão ou de água, mas de Deus somente? Sinceramente, eu não sei onde foi que tomamos o atalho que nos trouxe até aqui. Temos espetáculos e multidões, mas onde está a fome pelo invisível Deus? Temos dinheiro, campanhas, gritos, tremores, catarses, mas onde está o genuíno fervor que nos coloca na terra onde não podemos pisar com nossas sandálias?

Perdemos o apetite pela vida consagrada e nem mesmo sabemos com o que ela se parece. Fracassamos senhores! A liderança cristã nessa geração fracassou no único ponto que não poderia fracassar: na construção de um ministério que inspirasse amor à Deus de todo coração, alma, entendimento e força. Tento lutar contra as tendências utilitárias dos nossos dias; fazer com que os cristãos olhem para o alto, mas seus olhares estão presos ao chão. Nem mesmo sabemos discernir os anseios da alma.

Indubitavelmente, a cada ano que passa, empobrecemos um pouco mais. Nossas expectativas no campo da fé estão ligadas aos resultados. Falhamos no nosso sacerdócio individual cedendo às pressões da cultura do consumo. Reduzimos a oração a um monte de rituais pagãos sem qualquer compromisso com a devoção, e ainda temos a desfaçatez de chamar isto de Cristianismo enquanto inventamos práticas que jamais passaram perto das de Jesus. Polemizamos no campo da teologia; fazemos da web um campo de batalha onde o desrespeito se agiganta sobre a humildade e a sobriedade; gastamos tempo discutindo sobre teísmo aberto, igreja emergente e novas ortodoxias… Realmente, exibimos nossos desejos sem conseguirmos disfarçar a nossa completa inapetência por Deus e Sua real presença. Por isso somos uma geração sem santos.

Encorajo-o a humilhar-se em ato de contrito arrependimento. Encorajo-o a conversar com Deus sobre os seus alvos, propósitos e desejos; a cultivar uma vida mais resumida, emoldurada pela simplicidade de um relacionamento amoroso com o Senhor; a não buscar nem desejar grandes coisas, mas simplesmente fazer sossegar a alma e o coração nos braços do Pai; a gastar mais tempo em silenciosa oração; a treinar os ouvidos do coração com o fim de ouvir sua voz; a perder-se na profundidade da vida produzida pelo texto sagrado; a somente cumprir o papel de filho; a esquecer suas aspirações ou ambições que o forçam sempre a tentar manipular a divindade.

Finalmente, eu o encorajo a nutrir fome e sede por Deus.

Com amor e carinho,

Pr. Weber

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