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A leitura analítica Parte 2 | Por Gabriel Carvalho

Dando sequência à série de textos da Série “Leia mais e melhor”, trataremos da segunda e última parte da leitura analítica, terceiro nível de leitura mencionado por Mortimer Adler e Charles von Doren no livro “Como ler livros: o guia clássico para a leitura inteligente”. Para tanto, será importante que você leia, idealmente, todos os textos anteriores da série, ou pelo menos o último texto, que começa a tratar da leitura analítica.

Continuando as dicas a respeito da leitura analítica, deve-se marcar as frases mais importantes do livro e descobrir as proposições que elas contêm. Essas frases são aquelas que exigem esforço interpretativo. Nós até as entendemos, mas sabemos que há mais para ser entendido. Devemos lê-las mais devagar e cuidadosamente do que as demais. É possível que você tenha mais dificuldades justamente nas coisas mais importantes que o autor tenha a dizer.

Depois de localizar as frases principais, você terá de descobrir a proposição ou as proposições contidas em cada uma dessas frases. Uma excelente forma para isso é enunciar com suas próprias palavras – isso indica que você conseguiu captar a ideia do autor. Outra forma de avaliar a compreensão das proposições do livro é a indicação de alguma experiência pessoal descrita pela proposição. Você consegue dar um exemplo a respeito daquela proposição?

Em seguida, devemos localizar ou formular os argumentos básicos do livro com base nas conexões entre frases. Podemos fazer isso escrevendo as proposições que, em conjunto, formam um argumento. Porém, o mais comum é escrever números nas margens, além de outras marcas e sinais que indiquem os locais onde se encontram as frases que compõem o argumento.

Ainda faz parte da leitura analítica a descoberta das soluções do autor. Quando conseguirmos aplicar essa regra, teremos entendido o livro. Se você começou com um livro que está “acima” do seu entendimento – um livro que pode lhe ensinar alguma coisa – então percorreu um longo caminho para chegar até aqui. Até agora, você manteve seus olhos e sua mente abertos, mas a boca esteve fechada. Até agora, você acompanhou o autor. A partir de agora, terá a chance de expressar-se, debatendo com o autor.

Por isso, o passo seguinte é determinar que entendeu o livro, antes de dizer se concorda ou discorda do autor em suas proposições e soluções. Criticar não significa necessariamente discordar. Trata-se de um equívoco muito comum. Concordar é um exercício de julgamento crítico, assim como discordar. Você pode errar tanto ao concordar quanto ao discordar. Discordar sem entender é imprudente. 

É importante, ainda, que, quando discordar, o faça de maneira sensata, sem gerar disputas ou discussões, bem como respeitar a diferença entre conhecimento e opinião, fornecendo sempre razões para qualquer julgamento crítico que fizer. Nessa altura dos níveis de leitura, caso você tenha cumprido os passos até aqui, você terá maturidade suficiente para fazer tais distinções, não caindo no erro crasso de falar do que não se sabe.

Tendo analisado a leitura analítica, ainda temos um último nível de leitura a analisar, qual seja a leitura sintópica. Esteja conosco por mais um pouco nessa caminhada rumo a uma leitura madura e consciente. Vai valer a pena! Deus abençoe a sua vida.

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