Meu filho mais velho (7 anos) tem demonstrado um fascínio precoce pelos números. Agora, ele quer medir tudo ao seu redor para ter noção dos valores das coisas, até o mínimo centímetro ou grama. Faz parte do seu despertamento para melhor conhecer o mundo que Deus criou, repleto de alturas e larguras, pesos e volumes.
Todavia, imagine se ele me perguntasse quanto mede o meu amor por ele, ou o amor dele por mim? Ou quanto pesam os meus pensamentos e anseios em relação à nossa família? Ou em relação a Deus? Bem, para essas realidades imateriais, as medidas científicas não seriam as ferramentas mais adequadas.
Pensando nisso, qual é a medida de uma igreja boa, fiel e saudável? Bem, a resposta varia de acordo com quem responde a pergunta.
Para muitos hoje, inclusive dentro da própria igreja, a instituição em questão pode e deve ser medida da mesma forma que tantas outras instituições: pelo tamanho do prédio e pelo número de pessoas que ali transitam regularmente (como um negócio ou centro comercial); pelo número de programas disponíveis e pelas personalidades que desfilam nos auditórios das igrejas (como um clube ou centro de consumo e entretenimento); ou até pela popularidade dos líderes e das mensagens que ocupam a agenda da igreja (como um grande espetáculo da televisão ou da internet). Se a igreja fosse apenas mais uma instituição como outras, talvez ela pudesse ser medida das formas descritas acima.
Porém, assim como é infantil e imaturo da parte do meu filho perguntar sobre a medida ou o peso do nosso amor um pelo outro, assim também é medir a saúde de uma instituição sublime e sagrada como a Igreja, a noiva de Jesus Cristo, por critérios como prédios, pessoas, personalidades, programas e popularidade. Uma instituição espiritual como a Igreja deve ser medida por critérios espirituais, a saber, pelo seu compromisso com o ensino da Palavra de Deus, sua busca pela presença de Deus e sua experiência e comunicação do poder de Deus.
Desde o seu nascedouro, a Igreja de Cristo surgiu da união entre a proclamação apostólica fiel e corajosa do Evangelho (Palavra) e a operação sobrenatural do Espírito Santo por meio de quem proferiu e ouviu as boas novas de Cristo Jesus (presença e poder). E, desde então, a Igreja permaneceu de pé ou caiu de acordo com a sua postura diante da Palavra, da presença e do poder de Deus.
Agora, a Igreja nem sempre precisou de prédios próprios e suntuosos para se manter e estabelecer. Aliás, em seus primeiros séculos de existência, o crescimento expressivo do Cristianismo dispensou imóveis próprios, e até hoje a Igreja prospera e cresce em muitos lugares sem a necessidade de tais edificações. A Igreja tampouco precisou de multidões para fazer sua presença sentida no mundo; inclusive, hoje, oitenta por cento de todas as igrejas estabelecidas no mundo têm até cem membros, e noventa por cento de todas as igrejas têm até duzentos membros. Por fim, nos países onde a Igreja mais tem crescido, especialmente em lugares onde há perseguição ativa à fé cristã, a força propulsora deste movimento não tem sido os programas, as personalidades nem a popularidade do Evangelho, mas tão somente a Palavra de Deus pregada pelo poder de Deus na presença de Deus.
Dito isso, nada impede que uma igreja boa, fiel e saudável tenha seu prédio, além de suas muitas pessoas e programas. Porém, medir uma igreja local primeiramente e principalmente por esses critérios é, no mínimo, infantil e impróprio. O fato de tantos hoje medirem uma igreja local assim é prova mais que suficiente da infantilidade e imaturidade dos que hoje transitam pelas igrejas evangélicas em nosso país, sejam membros ou pastores. A hora já passou da igreja crescer e amadurecer, pelos critérios corretos e espirituais: o conhecimento da Palavra de Deus, a busca pela presença de Deus e a experiência e comunicação do poder de Deus.