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NÃO TENHO SONHOS

sonhadorCada período da história impõe tendências pouco ou nada razoáveis. A literatura, as artes e a produção acadêmica como um todo, comporta-se ora funcionando como uma força motivadora ora como divulgadora dessas mesmas tendências. Trata-se de um comportamento histórico encapsulado. Simplesmente não dá pra impedir nem negar. Geração vai, geração vem, e o máximo que conseguimos é encontrar aqui e ali quem pense independentemente.

Outro fator extremamente relevante em todo esse processo é a vaidade cultural. Para nós do ocidente e moradores em grandes centros urbanos, não há vida fora do pensamento e das ênfases produzidas em nosso habitat social. Assim, seja no plano da simples existência ou no plano da fé, acabamos por entender como verdade absoluta, tradições e posturas desenvolvidas em nosso espaço cultural.

Em diferentes lugares e em diferentes sociedades, religião está associada a bem-estar. As razões para esse casamento, variam de acordo com o cenário histórico de cada país. Por exemplo, as razões para a Teologia da Prosperidade ser bem recebida nos Estados Unidos, são diferentes das razões do seu sucesso aqui no Brasil, enquanto outras razões explicam o seu fracasso em Uganda, Somália e Djibouti. O fato é que religião e bem-estar parece ser um binômio inquestionável, bem como os seus filhotes.

Músicas, peças teatrais, artigos e produções das mais variadas raízes denominacionais, dão legitimidade a temas como “nossos sonhos”. Há uma estimulação maciça a que todos tenham, desenvolvam ou inventem um sonho pessoal. Acredito que as pessoas precisam ter ideais, não projetos mirabolantes, que oprimem e roubam a serenidade, a alegria e o entusiasmo para simplesmente existir e conviver.

Não tenho sonhos! Tenho missão. Não tenho sonhos! Tenho convicções. Não tenho sonhos! Tenho o desejo de fazer da oportunidade de viver, uma plataforma para construir um relacionamento coerente com Deus e com o próximo. Não tenho sonhos! Tenho o desejo de fazer os meus dias mais relevantes para o Pai, e da minha vida um impacto vivo para gente e não para coisas. Não quero uma casa melhor, um carro melhor, uma mega-igreja e tudo o mais que a maioria deseja…

Quero ter a oportunidade de usar meu cérebro para outros fins que não seja planejar um alargamento da influência religiosa. Quero viver continuando a encontrar a alegria nas coisas simples: o cheiro gostoso e característico da minha esposa; um casamento de trinta anos; os poucos e leais amigos do peito; a pregação livre do Evangelho que liberta; a convivência leve e profundamente tocante dos meus filhos adultos. Eu só quero aproveitar a oportunidade de viver como um ser humano reconciliado, nada mais.

Você deve se lembrar das palavras de Deus em Gênesis e dos planos do Altíssimo para o primeiro casal: cultivar o jardim e encher a terra. Deus não encheu a cabeça fresca de Adão com sonhos de autopromoção. Seguindo a ordem divina ao primeiro homem de carne e osso, já dei minha contribuição para encher a terra (eu e minha esposa tivemos um casal de filhos), agora, só quero ocupar-me de cuidar do jardim. Nesse mesmo contexto, não quero ser um latifundiário, um super produtor agrícola, a vocação humana é só pra cuidar de jardins e isto eu quero fazer bem feito.

Qualquer outro sonho que não seja viver para cuidar dos jardins semeados por Deus é vaidade. Quero continuar a cuidar do meu casamento (porque essa semente é divina); amar a família; conviver sem a opressão do telefone celular; cultuar e adorar a Deus; apreciar sua beleza, sabe, coisas que ele plantou e me mandou cuidar. Definitivamente, não quero a opressão de sonhar sob a influência de um gigantismo religioso.

Está surpreso? Vou repetir: EU NÃO TENHO SONHOS! Pelo menos, não estes que ocupam o coração e a agenda da maioria.

“Ao Senhor declaro: Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti.” – Salmos 16:2

Com amor e carinho

Pr. Weber

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