Depois de uma campanha publicitária exaustiva e de uma fiscalização pelas ruas e avenidas das principais capitais brasileiras, os motoristas ganharam o hábito do uso do cinto de segurança. É raro hoje ver alguém sem cinto. Felizmente, todos entenderam que negligencia-lo seria uma atitude de risco e extremamente perigosa.
NEGLIGÊNCIAS ESPIRITUAIS
Vivendo o ambiente da igreja há exatos 31 anos, observo que temos pago um preço excessivo por nossas negligências espirituais. As consequências já podem ser vistas e estão claramente estampadas nos frutos que a maior parte da cristandade tem saboreado. Entre as maiores negligências, gostaria de pontuar três.
1. NEGLIGENCIAMOS A ORAÇÃO
“Oração” virou uma ferramenta de enriquecimento pessoal e manipulação do divino. Ambas tendências estão bem mais próximas da feitiçaria do que do Cristianismo bíblico e histórico. Movido por estas tendências, o cristão não aprende hoje o que os apóstolos chamavam de perseverar em oração: oração em favor do avanço da mensagem do Evangelho do Reino e por vitalidade espiritual dos já alcançados. O perigo disso é termos toda uma geração sem o conhecimento de Deus.
2. NEGLIGENCIAMOS O EXAME DAS ESCRITURAS
Olhando para a história encontramos dados significativos para afirmarmos que o grande alvo diabólico, foi sempre tornar as ESCRITURAS SAGRADAS um instrumento inacessível para o homem. Os grandes avivamentos e movimentos de reforma, inclusive os que se encontram descritos na própria Bíblia, tiveram as ESCRITURAS como seu protagonista. Assim, glória ou mediocridade, sempre estiveram associadas ao modo como cada geração olhou e interagiu com o texto sagrado.
Esta geração de cristãos negligencia o exame acurado da Verdade. Esta negligência pode nos custar a própria sobrevivência da Igreja no nosso país ou a continuidade de uma igreja sem compromisso bíblico. A solução seria voltarmos a nos apegar ao texto santo; mas, para isso, teríamos que abrir mão de uma religião culturalmente bem construída para nos apegar à fé segundo a tradição dos apóstolos e profetas.
3. NEGLIGENCIAMOS A EVANGELIZAÇÃO INTEGRAL
As novas tendências tecnológicas abriram as portas para a comunicação de massas. Televisão, rádio, internet e celular, tornaram-se os meios onde a mensagem entre o emissor e receptor flui com maior rapidez, assim uma frase, um video, um simples texto, pode alcançar milhares de pessoas ao mesmo tempo. Todavia, obedeceria a proporção de “1 para muitos”, enquanto a grande comissão de Jesus propõe outra proporção, de “todos para o mundo”. Logo, mesmo considerando a importância do uso das ferramentas modernas de comunicação, não podemos negligenciar a missão pessoal de cada um como membro do corpo de Cristo e parte de uma nação de sacerdotes.
O Cristianismo é uma fé extremamente relacional. Ela sobrevive da reunião de pessoas, do convívio, do contato. Evangelismo impessoal, tem o seu valor como mecanismo de comunicação da Verdade, mas não atinge a ampla e integral missão que temos de pregar, discipular e conviver amorosamente.
Negligenciar a tarefa de cada cristão comunicar a mensagem salvadora de Cristo aos que com ele compartilha o espaço e o tempo, entregando esta missão a alguns santos e privilegiados que têm acesso ao uso dos instrumentos contemporâneos de comunicação, é oficializar o silêncio. Como cristão, não negligencie o testemunho, o contato, a pregação pessoal, sob pena de perder o ardor evangelístico e tonar-se infrutuoso.
Com amor e carinho
Pr. Weber