Há poucos anos participei da conferência anual da Aliança Reformada Mundial, à qual havíamos nos filiado. Para a minha surpresa, os representantes da América do Norte estavam entusiasmados com o Brasil, pois se tratava de um dos três
principais países nos quais havia um ressurgimento forte de teologia reformada. Pensei que se tratasse um fenômeno mundial, mas segundo os executivos da Aliança, nem tanto.
Já faz 25 anos que “descobri” (ou será que fui descoberto?) a teologia reformada, sob a influência de R. C. Sproul. Mesmo sendo um cessacionista, ele se mostrou, no mínimo, curioso pelo fato de um Pentecostal querer uma cópia de cada livro, fita e vídeo produzido pelo ministério Ligonier. Os meus pares pentecostais me condenaram por ter enveredado por esta “heresia” calvinista. Os próprios pastores da nossa denominação ficaram pasmados e levou anos para explicar tudo que eu estava compreendendo, tanto no que tangia à fé reformada, quanto como iria afetar o meu pentecostalismo.
Hoje já é comum ouvir falar de pentecostais que se dizem reformados. É claro que muitos contestam sequer a possibilidade de continuar pentecostal e ainda afirmar as doutrinas da graça, a hermenêutica aliancista, e a cosmovisão reformada.
Muitos professores da fé estão em franca campanha para aumentar o número de adeptos, e fico feliz com isto. No entanto, me preocupo pelo fato de não ver o próximo e necessário passo ser tomado: a reforma que nos leva à uma devoção e devocionalidade mais clara. Alguns celebram sua nova liberdade deixando de ser abstêmios e até portando charutos nas suas reuniões. Sua “nova liberdade” é motivo de orgulho e tem se tornado uma porta para excessos claros. Considero isto um desdobramento lamentável.
Sem entrar no mérito de usos e costumes (pois não creio que abstenção seja uma virtude biblicamente prescrita), vejo ainda pouco sendo falado sobre oração, jejum, silêncio, enfim, as necessárias disciplinas de mortificação do pecado. Sendo assim, temo pelo futuro da Reforma no Brasil. É claro que sem uma teologia sólida, robusta e bíblica, o corpo de Cristo fica sem ossos. Mas uma vez que os ossos estejam em ordem, o Espírito tem que soprar (Ezequiel que o diga). Temos que pedir um novo vento do Espírito Santo na Igreja. Precisamos de reforma, sem dúvida. Mas precisamos ser avivados, cheios do Espírito Santo.
Aviva-nos, Senhor!