Que tempos interessantes são estes! Para os mais velhos é uma época estranha, assustadora e, até certo ponto, incompreensível. “Como pode?” é um questionamento que gente da minha geração anda se fazendo muito, a ponto de eu ficar até um pouco impaciente quando o escuto. Minha resposta se resume a “é o que é”. Qualquer aluno de História sabe que mudanças são uma das certezas da vida, aconteçam elas a um indivíduo ou a uma cultura, uma sociedade ou uma civilização. Fui lembrado recentemente que um dos impérios mais gloriosos da face da terra, a Babilônia, hoje nada mais é do que um dos maiores parques arqueológicos do mundo. Ou seja, ela não passa de milhares de quilômetros quadrados de ruínas e areia. Quem diria que os jardins suspensos da Babilônia, tidos como uma das sete maravilhas do mundo antigo, passariam por uma mudança tão absoluta e irreversível. O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein até pensou em reconstruí-los, mas isso jamais ocorreu.
O ex-presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, já falou: “Queremos que tudo seja como sempre foi, mas a História não permite”. Pronto. É isso. As coisas mudam. Quem vai discordar? Quem vai tentar provar o contrário? Insensatez e jactância. É uma tarefa inútil e impossível tentar argumentar pela permanência perene de qualquer coisa. Até a Bíblia diz que “céus e terra passarão, mas a minhas palavras jamais passarão” (Mt 24.35).
Por outro lado, diga que as coisas vão mudar para pior e um coral de vozes se levanta em protesto. “Pessimista!”, “incrédulo!” e “infiel!” são acusações que constam entre as muitas já feitas contra mim. Mas eu creio. Creio nas palavras do Mestre. Creio somente no que não passa. Creio na certeza do Céu. Creio na obra da Cruz. Creio em Deus Pai, criador dos céus e da terra. Creio em seu unigênito Filho. Creio no Espírito Santo. Creio na Santa Igreja. Creio que um dia Cristo voltará para resgatar os seus e para julgar toda a criação. Creio piamente nisso. E aposto todas as minha fichas no que creio.
Todavia, não creio no modelo atual adotado por grande parte da Igreja. O Corpo de Cristo já passou por tantas fases que seria absurdo pensar que aquilo que entendemos por igreja, e como ela se manifesta na atualidade, é o que ela sempre será até a volta de Jesus. Isso seria negar o testemunho da História e até das Escrituras Sagradas.
Tampouco creio em muitas das práticas que hoje poluem a Igreja. São próprias da nossa geração, pois não foram utilizadas pelos nossos antepassados nem pelos heróis da fé. “Determinar”, “tomar posse” e “sapatinho de fogo”, entre tantas outras, são expressões específicas da nossa geração, bem como doutrinas como a Teologia da Prosperidade e outras. Os que dizem que toda essa poluição está na Bíblia têm que contender com o testemunho dos nossos pais na fé. Têm que argumentar contra o peso da literatura cristã produzida nos últimos dois mil anos.
Nos meus vídeos e posts publicados aqui tenho tratado pontualmente dos elementos que fazem parte da doutrina e da prática saudáveis, assim como daquilo que diverge da ortodoxia e da ortopraxis. Prometo continuar a fazer exatamente isso ao longo de 2013. Neste site, nem todos os comentários serão expostos, tampouco tratados. Certamente os que se limitam a me acusar de ser incrédulo ou pessimista não terão suas vozes ecoadas aqui. Vejo pelos sites que costumam reproduzir meu material que há um grupo que tem prazer em me desmerecer. Aí, já é prerrogativa dos que administram tais sites dar voz aos que sumariamente querem fazê-lo sem dar ouvidos às minhas ponderações. Mas volto a dizer: cada uma delas é preparada com o propósito de promover saúde e vigor espiritual e ajudar aqueles que compõem a Igreja a ter uma leitura fiel dos tempos em que vivemos e das Escrituras que atravessam os tempos sem nunca mudar a sua mensagem. Sim, céus e terra estão passando. Estão enfrentando mudanças. Mas as palavras do Mestre permanecem, tanto no que diz respeito a seu sentido quanto à sua mensagem e ao seu poder.
Na paz,
+W.