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Paciência

pacienciaPaciência é uma virtude que se contrapõe a ansiedade. Como todas as virtudes, não é algo que nasce conosco. Também não é uma característica genotípica, herdada pela força da carga genética recebida. Na verdade, usando um neologismo que eu gosto muito, todas as virtudes são “cristotípicas”, uma espécie da manifestação da presença de Deus em nós, da habitação do Espírito da Vida no coração dos eleitos, dos que foram sensíveis ao poder do Evangelho.

Em linhas gerais, paciência é a arte de saber esperar em Deus; de silenciar diante do Seu silêncio e de permanecer em silêncio enquanto Ele busca falar conosco. A própria espera pode ser um discurso divino: uma maneira de comunicar o imensurável valor de Si mesmo e da Sua presença; um jeito próprio de nos fazer valorizar o que não conseguimos enxergar; quem sabe, uma tentativa de mover o nosso foco; ou ainda, de nos levar a peregrinar um pouco pelos territórios árduos do quebrantamento. Enfim, paciência é algo que se aprende, e se aprende na arena das expectativas.

Quando muito jovem, eu pensava em mudar o mundo. Nesse período da vida, minhas expectativas eram uma mistura de autoafirmação e gigantismo barato. Hoje, depois de sentar para aprender com o Pai e ouvir muitos “nãos”, entendo que o tempo de espera funcionou como uma oportunidade para que aprendesse a olhar em outras direções; reparar na beleza do inapreciável; valorizar o que não se pode pôr preço e saborear da alegria de ser comum. Aprendi que quanto mais rápido se perde o ímpeto de querer emoldurar a si mesmo, mais rápido se aprende a ser paciente. Mas, eu não espero que numa era em que se sofre tanto, e de modo crônico, de ansiedades variadas, alguém se importe em ser paciente. Porém, a se crer de fato que o Evangelho é uma força libertadora e que o grande alvo do Espírito é fazer-nos crescer à plena estatura de Cristo, ser paciente não é uma alternativa, mas uma oportunidade para crescer.

Outro ponto que ficou muito claro pra mim foi: para que Cristo seja formado em nós, muitas das nossas próprias orações não poderão ser respondidas. Porque, mesmo que não demos conta disso, muitas delas subvertem as virtudes. Como para Deus o que verdadeiramente importa é a nossa formação, Ele não está nem aí para as nossas evoluções amimalhadas ou pirraças espirituais, muito usuais por quem está dominado por ansiedades.

Bem, se o seu interesse é negar a si mesmo, tomar a cruz e seguir a Cristo, então bem-vindo à santa escola das virtudes. É nisso que o Espírito Santo está ocupado todo tempo. Nela, a lição da paciência, é aprendida sob intensa dor.

Com amor e carinho,

Pr. Weber

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