Quanto barulho!

Estou cercado de barulhos incômodos. Há um apartamento em obras ao lado da minha casa e o som que domina o ambiente é o das marretas e furadeiras. Crianças que estudam numa escola próxima, também contribuem sensivelmente para o aumento dos decibéis. Isto, fora os carros que passam buzinando e acelerando. Adicione o telefone, toques polifônicos e alarmes característicos de aparelhos eletrônicos e você vai ter uma clara idéia de como está o meu ambiente de trabalho. É tanto barulho que às vezes nem consigo pensar direito.

O barulho bagunça com todo processo criativo: as palavras demoram a aparecer e os assuntos ficam diluídos num caldo que custa a dar ponto. O barulho desapropria a inspiração, desarma as redes neurais – pelo menos as minhas. É como um corpo invasor que tenta tirar dos trilhos a lógica e a razão. O barulho tem o poder de esvaziar; ele não tem o dom de dividir e compartilhar, onde chega, chega para reinar absoluto. Felizes são os que podem encontrar um canto quieto para reassumir suas atividades produtivas.

Por causa disso, tenho pensado muito no barulho que nos acompanha. Naquele que resiste ao silêncio de uma cabana na serra, o tipo que se aloja no coração e na alma. Como calar a voz da consciência? Como resolver o barulho causado pelas irritações? Como lidar com as altas vozes das amargas lembranças, das inquietações da vida ou dos propósitos insistentes de vingança? Como trazer silêncio curativo para o universo interior das idéias e dos pensamentos?

Vejo tanta gente a sofrer desse barulho que vem de dentro! Porque toda essa falta de serenidade e paz; todo esse comportamento esquizofrênico que nunca encontra repouso; toda essa agressão aberta ao equilíbrio é patológica, extremamente doentia. Portanto, não se trata apenas de fé, trata-se também de saúde.

No Salmo 23, me parece que o salmista está vivendo um período de muito barulho interior. Por conta disso, ele sente necessidade de reafirmar sua fé no Deus provedor e protetor, dizendo: “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará!” Quando as nossas preocupações com o futuro e os nossos medos do presente gritam sem parar, é importante ter consciência de que Deus sempre proverá. Sempre!

Repousar e descansar, estas são as promessas que seguem. Me parece que quanto mais tensos estamos, mais alto Deus fala e oferece o silencioso prazer da sua companhia sobre verdes pastos e fontes tranqüilas. Mas, até do repouso e do descanso temos nos esquecido. Substituímos pela diversão e pelo lazer, conceitos estranhos às Escrituras. Repousar e descansar traz-me a idéia de silêncio, respiração lenta, contemplação, e ansiedades vencidas.

Não vejo qualquer proveito em todo esse barulho da alma que carregamos pra cama toda noite e interfere no nosso sono. Só nos faz experimentar o esvaziamento da consciência lírica, anulando a nossa percepção do lado lúdico da vida, tão importante para nos relacionarmos bem com Deus, com o próximo e conosco mesmo. Diante de tamanho barulho, não me resta outra alternativa do que solicitar a todos que se AQUIETEM PARA VIREM A SABER QUE O SENHOR É DEUS.

Com amor e carinho

Pr. Weber