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Quem é culpado pela Igreja?

Esta palavra do Senhor veio a mim: “Que é que vocês querem dizer quando citam este provérbio sobre Israel: ‘Os pais comem uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotam’? Juro pela minha vida, palavra do Soberano Senhor, que vocês não citarão mais esse provérbio em Israel. Pois todos me pertencem. Tanto o pai como o filho me pertencem. Aquele que pecar é que morrerá.” (Ez 18.1-5)

Tenho visto reações variadas e surpreendentes às minhas reflexões desde o lançamento de meu primeiro livro, O Fim de Uma Era, até o post mais recente deste blog. Uns aplaudem, outros discordam, outros me desmerecem e questionam meus motivos. Há ainda os que lançam culpa uns sobre os outros. Tenho falado sobre o estado calamitoso da Igreja dos nossos dias. E, afinal, quem não tem discorrido sobre este tema tão atual e que nos causa tanto sofrimento? Todos têm opiniões formadas sobre o que há de errado com a Igreja e, a partir delas, tecem suas teorias sobre o que nos aconteceu e por que estamos tão distantes do ideal.

Eu lamento que poucos ponderam soluções e se questionam sobre a própria contribuição à confusão que se instaurou. Tenho tentado defender algumas. Mas a maioria se detém na crítica ou parte para apontar os responsáveis por essa tragédia. Muitos acusam os pastores de serem os causadores do mal. “São uns interesseiros”, dizem uns. “São um bando de imprestáveis”, outros se aventuram a denunciar. Já os pastores que conheço lamentam a falta de qualquer tipo de espiritualidade no seu povo, mesmo sendo eles homens íntegros e de oração. Quem sabe o problema não se acha na política eclesiástica? Quem sabe não são as estruturas que nos levam a agir da maneira que agimos?

Creio que o problema é mais simples do que esse. Nós – você e eu – não temos posto em prática as Escrituras. Temos deixado que a nossa espiritualidade viva a reboque do que outros fazem ou fizeram. Claro que há fatores que nos levam a agir assim. Claro que os líderes têm uma parcela de culpa. Mas é igualmente claro que o problema sistêmico que se apoderou da Igreja vem se avolumando ao longo de décadas. Nossos pais e os pais dos nossos pais, assim como nós, foram herdeiros de legados mistos. Legados que passaram de geração a geração coisas boas ou ruins. Pela omissão de alguns dos nossos ancestrais, sim. Pelos pecados de comissão, também, sem dúvida. Mas, podemos realmente dizer que somos as vítimas da história? Eu certamente não vou lançar a “primeira pedra”. Estou no ministério já faz 31 anos. Tenho a minha parcela de culpa. Assumo os meus erros e tenho a clareza de que não sabia o que sei hoje quando comecei. Sei ainda mais: que ainda tenho demais para aprender. E com essa certeza clamo a Deus para que eu possa contribuir para uma solução. Pois ficar paralisado num caldo de análise coletiva não vai nos tirar do atoleiro no qual nos achamos.

Sim, cada um terá de olhar para si e entender que o problema é do coração. Podemos muito bem reclamar de líderes, tal qual Saul, que foi destituído do trono de Israel por Deus devido a seu procedimento. Mas o seu sucessor, Davi, não revidou – embora Saul estivesse resolvido a matá-lo. Ele foi um bom discípulo, mesmo que o seu mestre tenha sido um desqualificado. De igual modo, Samuel pôde ouvir a voz de Deus e ser preparado para um ministério profético extraordinário, embora o seu mestre, Eli, estivesse em franca desobediência a Deus, junto com os seus filhos – que perverteram e praticaram abominações dentro do próprio templo.

É certo que precisamos entender o que nos aconteceu. Mas apontar culpados não ajuda. Temos de olhar para o nosso próprio coração. Cada pastor, cada membro, cada fiel precisa dobrar o seu próprio joelho perante o trono da graça e pedir perdão. Cada um tem de abrir novamente as Escrituras e ser fiel no pouco. Cada um de nós, a partir de agora, ou faz parte da solução ou faz parte do problema.

Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho. (Tg 1.23).

Enquanto muitos estão usando a Bíblia como espelho retrovisor, creio que ela foi escrita para que fosse um espelho pessoal. Está mais do que na hora de nos enxergarmos a nós mesmos e fazer algo a respeito daquilo que vemos. Quanto a mim, estou tentando. Sim, estou tentando.

Na paz,

+W

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  • JO

    A palavra de Deus é dura; mas é doce para quem quer ser moldado por ela. 🙂

    Eu também Bispo, eu também estou tentando.

    Glória a Deus!!!

    Graça e Paz.

  • Amém Bispo, ficamos procurando onde a igreja errou e ficamos paralisados, concordo, confessemos os nossos pecados e sigamos em frente.

  • Walter, fico feliz com suas palavras, pois compartilho com esta idéia.
    Também estou fazendo minha parte. Todos os dias me prosto diante do Pai e peço a devida orientação e entendimento quanto a minha postura diante de tal realidade. Louvo ao Senhor por sua vida, pela coragem de se posicionar diante da questão. Um grande abraço meu irmão.

  • Devoção com Deus não é para lermos Suas Escrituras e observarmos apenas exemplos passados, mas nos utilizarmos de cada ensinamento escrito para mudarmos hoje, melhorarmos, crescermos… avançarmos no aperfeiçoamento dos santos.

    Muito abençoado amado primaz

  • No fim das contas, todos nós somos ovelhas. Discípulos.
    É claro que alguns ocupam a função (diferente de cargo) de líder, mas no fundo estamos todos no mesmo nível, diante de Deus, e, basicamente são duas as coisas que nos nivela diante dEle: os nossos pecados e a sua misericórdia.
    O Senhor compara a sua igreja a um corpo, cada membro com a sua função, e cada qual com a sua importância para manutenção de uma vida congregacional saudável. E, quando um membro, qualquer que seja, deixa de fazer o seu dever, com certeza todo o corpo irá sentir, de maneira que cada um de nós, independente da função, é responsável não só pelo funcionamento, mas pelo bom funcionamento da igreja.
    Devemos viver como um corpo, desta forma somos mais fortes, afinal “é melhor serem dois do que um”, e assim colhemos os frutos da unidade.
    Da mesma maneira, quando deixamos de viver como um corpo, cada um fazendo a sua parte , para o benefício de todos, colhemos o fruto de um reino dividido.
    Lembrando que, quando apontamos o erro do nosso irmão, um dedo aponta para ele e três dedos apontam para nós.
    A igreja, não é o templo, não são as paredes e os móveis, muito menos a placa ou o letreiro que fica do lado de fora, nem a denominação a que pertencemos.
    Quando o Senhor vier, Ele arrebatará um povo, que neste momento se encontra espalhado sobre a superfície da Terra. Nós somos este povo!
    O que quer que aconteça com o corpo de Cristo, a responsabilidade é nossa, de cada um de nós.

    No amor de Cristo,

    Ricardino.

  • Bispo, bom dia e a Paz… Sou membro da ICNV;
    Minha pergunta é como sabemos do nosso chamado Ministerial e Pastoral?

    No meu caso eu venho sentido de Deus que meu chamado e Pastoral, estou buscando em Deus a cada dia em oração e leitura da palavra. Até mesmo para Deus confirmar em meu coração.

    Aguardo seu aconselhamento!

    Obrigado,
    Leandro Alves

  • Sábias palavras Bispo. Concordo inteiramente.

    O senhor me fez lembrar da “trave” do meu olho.

    Perdemos um tempo mui precioso criticando, é verdade. Um tempo que poderia servir para edificação do corpo de Cristo, para anunciar o Seu profundo amor e a Sua salvação para a vida do homem. Servos devedores é o que somos. Que Deus perdoe as nossas fraquezas através do sacrifício vivo do Seu Filho, Jesus Cristo.

    A paz do Senhor Jesus !

    “Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado;”
    (Hebreus 3:13)

  • Eu concordo com o comentário . Quando os crentes se unirem para lutarem contra o império das trevas, passaremos a entender quem de fato é o nosso verdadeiro inimigo.

  • Amém Bispo.
    Estou tentando.

  • Amado, Bp Walter,
    Dentro deste tema abordado, gostaria de pedir suas considerações sobre a reportagem da revista Veja sobre Rob Bell. Este homem tem pregado o universalismo, dizendo que Deus salvará a todos e que “condenará” alguns ao paraíso. Sei de sua ética, por isso não peço que fale deste homem, mas desta mensagem antiga e herética. Desde já, agradeço.

  • JO

    No post “Gospel de rapina” 142 Comentários, e no post “Minha despedida do mundo gospel” 59 Comentários. E nesse aqui, que talvez seja até o mais importante, só 4 comentários. Para dizer que o outro está errado, estando errado mesmo é tão fácil… Mas e quando se trata de nós mesmos? (xii)… Isto está certo ou errado Bispo?

  • Sidney,
    Faço das palavras do Rev. Augustus Nicodemus as minhas. Seu artigo faz uma análise perfeita. http://tempora-mores.blogspot.com.br/2012/12/deus-e-amor.html

  • Glórias a DEUS! Texto excelente Bispo, que a graça de Deus abunde mais e mais em nossas vidas. Eu também estou tentando! Amém!