Quem tivesse entrado em coma há trinta anos atrás e de repente acordado hoje, em pleno alvorecer do século 21, tomaria um susto ao entrar de volta em sua igreja. Primeiramente, ouviria dos seus contemporâneos, que agora, ser evangélico está na moda. Veria grupos coreográficos fazendo todo gênero de evolução durante os cânticos congregacionais, sob a tese de que a prática dinamiza o louvor. Ouviria novos clichês e novos cumprimentos, uma espécie de dialeto que só os de dentro conhecem e sabem seu significado. Tomaria conhecimento da “unção do riso”, do “re-ple-plé”, “re-te-té”, do “dente de ouro”, “sapatinho de fogo” e outras tantas manifestações do gênero; e depois de perguntar o que tudo isto significa, ouviria: “É o nosso avivamento!”
Meu Deus, o que estamos fazendo com a igreja!
Não sei se o que sinto é espanto, vergonha, tristeza… Provavelmente, é uma mistura de tudo isto e outros ingredientes semelhantes.
Já me rotularam de retrógrado, azedo, velho, ultrapassado e de coisa pior. Tudo isto já me fez muito mal, mas hoje, não faz a menor diferença.
Amo a igreja! Amo a Cristo! Amo a Bíblia! A força deste amor me acorrenta ao texto sagrado; ao empenho na construção de uma vida de oração; ao desejo de ser achado nEle. Tenho temor! Temor de edificar um simulacro e não um povo para a Sua habitação. Temor de chamar de Igreja o que que Ele não reconhece como Sua noiva e “coluna e baluarte da Verdade”. Temor de transculturalizar-me tanto que esconda o brilho do Evangelho por trás da cultura. Por isso, decidi que não quero este modelo aí.
Não quero nada exceto Cristo. Não quero as evoluções pelas evoluções. Não quero a música pela música. Não quero o culto pelo simples protocolo religioso. Não quero e não ofereço nada além do que está Escrito. Não quero novidades, mas não abro mão do que Ele faz novo. Não quero a psicologização do Evangelho. Não quero absolutamente nada que me conecte com o que parece estranho.
Quero a doutrina dos apóstolos. Quero mais oração. Quero a convivência sagrada dos santos. Quero mais lágrimas. Quero vida. Quero pregar o Evangelho, mas o de Cristo. Quero a fé encantadora dos antigos. Quero ter uma “viva esperança”. Quero desejar ardentemente o céu. Quero a graça. Quero ver a glória de Deus cobrir a terra como as águas cobrem o mar. Quero solidariedade. Quero compaixão pelos desprezados, pobres, esquecidos, marginalizados, famintos. Quero ser crente.
Com amor e carinho,
Pastor Weber