Ouço com muita frequência as pessoas reclamarem da mesmice. De vez em quando me chega aos ouvidos de que fulano desistiu do casamento, da fé, do trabalho, do exercício cristão e/ou de muitas outras coisas na vida, por não conseguir suportar a rotina. Trata-se de gente que deseja estar em estado de êxtase permanente, gente que acredita que a vida lhe deve um dia de festa atrás do outro, e se os fatos quotidianos não produzirem chispas e faíscas, então é porque sua vida é uma porcaria.
Mas, podemos evitar as rotinas? Temos algum poder para cancelarmos os ciclos repetitivos que tornam semanas, meses e anos exatamente iguais? Qual a razão para alguém se deixar governar pelo tédio causado por suas expectativas não atingidas? Por que esta repetição igual de tarefas nos perturba tanto? Qual a razão de querermos ser surpreendidos sempre? Talvez seja porque acreditamos que deve haver alguma coisa errada com a vida que levamos.
A rotina não é um erro ou um acidente, é um fato. O Pregador em Eclesiastes 1:4-7, observou que a vida acontece dentro de ciclos repetitivos: o ciclo das gerações; o ciclo dos dias; o ciclo dos ventos; o ciclo da água; o ciclo da história. A sua conclusão é que “nada há, pois, novo debaixo do sol”. A rotina aguarda por todos. E, se você, como ele, tentar encontrar significado para a vida fora dos ciclos repetitivos, lançando-se desvairadamente nos braços do sexo, da busca pelo poder ou do acúmulo de bens e capitais, concluirá no fim que “tudo é vaidade”.
As rotinas são inevitáveis. A vida acontece para gerar a sensação de que tudo à nossa volta não vale a pena, e de plantar em nós o desejo de descobrir o sentido de existir, de estar casado, de trabalhar, de fazer amigos… A conclusão que eu chego é que existe uma mensagem por trás do enfado gerado pelas rotinas. Esta mensagem é que o sentido da vida está além; além das nossas expectativas; além do sexo, do dinheiro e do poder; além de tudo que os olhos são capazes de ver e as mãos de tocar. Cristo é o sentido da vida! Ele é a vida!
Se as rotinas são inevitáveis e nada acontece de novo debaixo do sol, Ele é aquele “que faz nova todas as coisas”. Relacionamentos, trabalho, casamento, família são apenas matéria prima nas mãos do grande inovador. Em Cristo descobrimos não o segredo para vencermos as rotinas, mas o de transforma-las em motivações e experiências edificantes. Ele é a proteção contra o tédio da mesmice.
Somos tão afetados pelas rotinas quanto somos afetados pela nossa distância da cruz. Esta sensação incurável de perda; esta postura de cobradores que acredita que o universo está em permanente débito; esta atitude reclamadora, lamentadora e de incômodo permanente, só será curada quando entendermos que a vida não é para nós, mas, para Ele (Cl 1:16b). Em outras palavras, a vida não acontece para nós. O universo não está formatado para nós.
As rotinas não nos afetarão tanto, quando descobrirmos que o grande propósito de existir é conhecer aquele para quem tudo foi criado, tudo é.
Com amor e carinho,
Pr. Weber